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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Cultivo da Couve Chinesa Saishin


            A couve chinesa Saishin é mais apreciada nos pratos orientais. Pode ser preparada crua, refogada, cozida ou passada no vapor, aproveitando também seus talos.
Trata-se de uma verdura ainda pouco consumida no Brasil. Apresenta certa semelhança, no paladar, com as couves Chingensai e Hakussai, a diferença da Saishin é que ela apresenta uma leve ardência e uma floração precoce.
Iniciamos seu cultivo por curiosidade, pois nunca havíamos provado essa verdura. Como a maioria das verduras família das Brassicaceae, está sujeita ao ataque de pulgões, mas notamos que essa verdura é bastante resistente.
Figura 1 – Couve Saishin.
 Plantas obtidas com as sementes plantadas em copos plásticos de 200 ml. 
            Sobre a Saishin, do pouco que conhecemos, ela é comercializada em maços, no Japão, com diversas hastes amarradas juntas, com um visual bonito, pois os talos são colhidos de forma que, no dia da comercialização, as flores se abrem.
            Os tratos para o cultivo da couve Saishin são semelhantes aos da couve Chingensai, apenas exigindo espaço maior entre as plantas, porque as folhas da Saishin são bem maiores que as da Chingensai. Está na lista das nossas verduras preferidas, no cultivo em vasos ou jardineiras, pela sua precocidade e resistência às pragas.

 
Vamos ao cultivo da Saishin:
1.      Plantio:
1.1  Plantio das sementes em jardineiras:
Recomenda-se iniciar o plantio das sementes em uma jardineira de 7,5 até 12 litros de capacidade, aproximadamente, visando consumo doméstico, porque esses vasilhames com são fáceis de manejar e transportar. Por exemplo, a jardineira pequena pode ter o seu posicionamento alterado em 180 graus, semanalmente, para que as plantas recebam uma insolação melhor distribuída.
As sementes devem ser plantadas em linha, pois facilita o trato cultural. Nas jardineiras menores, uma fila, com as sementes distanciadas entre si de 2 cm, e nas jardineiras maiores, duas filas, sendo o distanciamento entre filas de 10 cm.
Figura 2 – Mudas em jardineira.
Depois de 5 dias de plantio. A germinação iniciou no 3º dia.
O raleamento pode ser iniciado, pois as plantas ficaram muito próximas.
Se as sementes estiverem protegidas com defensivos, não se recomenda consumir as mudas muito novas, por exemplo como a ilustração anterior, quando a planta apresenta apenas o cotilédone.
            O sulco das sementes pode ter 0,5 cm de profundidade, depois cobertas com terra, ou no caso de lançar as sementes sobre a terra, cobrir com 0,5 cm de terra e socar levemente.

1.2  Plantio das sementes em copos:
O cultivo pode ser iniciado com o plantio das sementes em copos plásticos de 180 ou 200 ml, para posteriormente as mudas serem replantadas em vasos ou jardineiras.
Se plantar 4 sementes em cada copo, todas as mudas juntas poderão ser replantadas em local definitivo, vaso ou jardineira, preservando-se a terra do copo.
Não há necessidade de efetuar o raleamento, pois uma das plantas pode sobressair sobre as outras, mas colhendo essa planta, uma outra toma o seu lugar, como pode ser visto nas Figuras 1, 9 e 15.
Figura 3 – Plantio em copo.
Mudas depois de 24 dias do plantio das sementes, em copo, com 6 cm de altura.
Se plantar mais de 4 sementes por copo, o excedente de mudas podem ser replantado em outros copos.

2.      Raleamento das mudas:
O raleamento das mudas é uma prática comum, no cultivo das verduras, para deixar algumas plantas a serem colhidas com porte maior. Então essas plantas raleadas poderão ser consumidas, como “baby leaf”, e outra parte aproveitadas para mudas a serem replantadas em outros vasilhames.
As plantas poderão retiradas para consumo, com auxílio de uma tesoura, cortando a planta na base.
Para o consumo caseiro, o raleamento pode ser terminado quando as mudas estiverem em torno de 10 cm de distância, entre si.

Figura 4 – Mudas em desenvolvimento.
Plantas com 8 cm de altura, depois de 12 dias de plantio das sementes.
Pode ser iniciado o raleamento, tanto para consumo ou para replantio em copos ou em outra jardineira.


3.      Preparo de mudas e replantio:
Se parte das mudas de raleamento for utilizada para replantio, recomendável que as mudas apresentem no mínimo 4 folhas definitivas. Com auxílio de uma faca pequena com ponta afilada, retira-se a muda com um pouco de torrão de terra, levando para o local definitivo (vasos ou jardineiras) ou, temporariamente, em copos plásticos de 200 ml.
Se as mudas estiverem muito próximas, elas podem ser arrancadas juntamente com raízes, com cuidado, com a terra bem umedecida. Essa couve aceita bem o replantio, desde que as mudas replantadas não sejam expostas muito ao sol, de início.

Figura 5 – Muda replantada em copo.
Após 9 dias do replantio da muda, da jardineira para o copo. Plantas com apenas 2 folhas definitivas.
Para o replantio direto, da jardineira de mudas obtidas por sementes para outra jardineira, as mudas devem ficar distanciadas pelo menos 10 cm, entre si. Providenciar rega diária de água e o novo vasilhame deve receber proteção contra o sol direto nas plantas, com pedaço de tela de nylon, sombrite ou até mesmo um pedaço de folha de jornal - essa tela pode ser apoiada em espetinhos de bambu ou hashis com auxílio de pregadores de roupa para varal -, ou o vasilhame transferido para local mais sombreado, com luminosidade, pelo menos 5 a 10 dias, até que se constate o pegamento das plantas (desenvolvimento de novas folhas).
Para o replantio em copo, as mesmas recomendações dos parágrafos anteriores. A desvantagem da muda levada no copo é que deverá passar por um novo replantio para vaso ou jardineira de forma definitiva, demandando mais tempo para colheita, mas a vantagem é que no replantio do copo para vaso ou jardineira, praticamente não existe perda, principalmente no nosso clima do nordeste brasileiro.

Outra vantagem da muda em copo é que duram meses, quase sem desenvolvimento, devido ao espaço limitado, então essas mudas podem ser replantadas gradativamente, obtendo-se colheitas com melhor distribuição no tempo.


Figura 6 – Saishin replantadas.
Na mesma jardineira de 7,5 litros, a couve Chingensai na frente e a Saishin atrás.
Como a Saishin apresenta folhas mais desenvolvidas, está sombreando e sufocando as Chingensai.


4.      Colheitas:
Como foi dito nos itens anteriores, a colheita já se inicia no raleamento das plantas, que podem ser consumidas cruas como salada.
As plantas maiores deverão ser colhidas, cortando-se o tronco na base, com auxílio de uma tesoura de poda ou um canivete, evitando de puxar a planta com as raízes, senão pode ocorrer prejuízo as outras plantas remanescentes.

Figura 7 – Colheita.
Colheita efetuada de uma das plantas da Figura 6, depois de 26 dias do replantio.
Planta não se desenvolveu tanto, devido à concorrência com outras plantas e a jardineira com volume limitado.

Figura 8 – Planta com floração.
Replantada com espaçamento maior, em jardineira de 30 litros, as folhas atingem 40 cm de comprimento e 20 cm de largura.
Figura 9 – Brotações.
Na ocasião da colheita, as brotações, na parte inferior da planta, já estavam bem desenvolvidas.


5.      Preparo do vaso e terra:
O vaso ou a jardineira deverá ter seus furos cobertos com pedaço de tela de nylon ou sombrite, a seguir com 3 cm de areia de granulometria média ou grossa socada, finalmente completado com terra até atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
Os copos plásticos, de 200 ml, para mudas deverão receber 4 furos no fundo e um rasgo lateral no fundo de 2 cm, feitos com auxílio de uma pinça – de ponta curva - aquecida. Depois 2 cm de areia socada no fundo e completada com terra até atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
A terra pode ser adquirida pronta nas lojas de jardinagem ou horticultura. Se for aproveitar alguma terra de cultura anterior, adicionar em torno de 30% em volume de adubo orgânico curtido, mais 1 colher de sopa de NPK e 0,5 colher de calcário moído, para cada 10 litros de terra, mas é interessante seguir a recomendação dos fabricantes para esses dois últimos produtos.
Quem for utilizar a terra de barranco – terra com argila e areia, sem nenhum trato -, misturar com adubo orgânico curtido na proporção 50% cada, mais as proporções de NPK e calcário, citadas anteriormente.


6.      Cobertura morta e adubação complementar:
            A cobertura morta, com folhas picadas de citronela, folhas de bambu, vermiculita e etc, pode ser dispensada, mas pode ser feita quando verificamos o desenvolvimento de algas na jardineira ou em períodos muitos secos, essa cobertura minimiza a evaporação da água de rega.
            A adubação complementar com terra e adubo orgânico curtido pode ser feita em caso de observar que as plantas estão com desenvolvimento lento, com auxílio de uma espátula, coloque a mistura, por exemplo, 200 ml em cada um dos lados da fileira de plantas, para uma jardineira de 7,5 litros.
As plantas que permanecerem após os raleamentos, a adubação complementar pode ser feita em volta de cada planta.
Em caso de aplicar NPK esse produto não deve ser aplicado muito próximo ao tronco das plantas. Pode ser colocado, em cada lado da fileira de plantas, de uma jardineira de 7,5 litros, ½ colher de sopa de NPK, mas para utilizar esse produto melhor consultar a recomendação do fabricante.


7.      Pragas:
A praga mais comum na Saishin deve ser o pulgão. A presença de formigas nos vasos e nas plantas é um bom sinal para indicar a presença do pulgão.
Quando é pequena a quantidade de pulgões, poderão ser macerados com os dedos. Se a infestação for grande, vire o vaso ou a jardineira e utilize um pincel para derrubar o inseto fora do vasilhame, que pode ser um pedaço de jornal molhado com água sanitária ou aplicado o desinfetando diretamente no piso.

Figura 10 – Infestação de pulgões.
Como a Saishin apresenta talos longos, os pulgões se fixam mais nas folhas novas e na parte da junção da folha com o talo.
Pode ocorrer ataque de lagartas nas folhas, que facilmente podem ser retiradas. Se colocar uma proteção com pedaço de tela de nylon ou sombrite, na jardineira ou vaso, minimiza o ataque de pragas.

           
8.      Dicas:
A couve chinesa Saishin, depois de 30 dias do replantio, já pode apresentar os botões florais.

Figura 11 – Flores.
As flores abertas podem ser utilizadas na decoração de pratos ou consumidas juntamente com as folhas e os talos.

Algumas plantas podem apresentar brotações bem desenvolvidas no ramo principal, como a figura a seguir, mas nesse caso a floração principal pode ser pífia.

Figura 12-Brotações laterais.
Essas brotações laterais também irão apresentar florações, o que inviabiliza obtenção de mudas, como fizemos para outras verduras apresentadas nesse blog.

Figura 13 – Mudas com flores.
Brotações laterais apresentadas na Figura 9.

Figura 14 – Colheita com poucas flores.
A ponteira do ramo principal da Figura 12, após a colheita.
Então como foi dito, as mudas obtidas de sementes plantadas em copos, Figura 3, após a colheita da planta maior, uma das menores toma seu lugar. Observar na Figura 9 que tem uma planta no lado esquerdo da planta colhida, depois de 8 dias, foi colhida essa planta da esquerda, conforme ilustração abaixo:

Figura 15 – Planta remanescente.
Folhas com 38 cm de comprimento.
Nesse caso não foi aguardada a floração.
Depois de cada colheita espalhe em torno das plantas remanescentes, em torno de 200 ml de terra adubada ou 100 ml de húmus de minhoca.

As mesmas receitas sugeridas para a Hakussai e a Chingensai, podem ser aplicadas a Saishin.
Nas colheitas de plantas maiores, como apresentada na figura 8, as folhas podem ser consumidas cruas ou refogadas, como se faz com a couve manteiga, e os talos podem ser consumidos cortados em fatias finas e temperadas a gosto, como se faz com os talos do salsão. Se os talos já estiverem rijos, melhor consumir nos pratos cozidos.
Essa verdura pode ser refogada, no azeite de oliva misturada com uma pequena porção de óleo de gergelim, com as folhas, talos cortados em pedaços de 2 a 3 cm, e as flores separadas, para cobrir o refogado no prato que será servido. Quando o refogamento estiver no seu gosto acrescente uma mistura de 1 colher de sopa de shoyu, 1 colher de sake mirim ou vinho e ½ sache ou envelope de alga kombu em pó. Ainda com a panela no fogo experimente o tempero, que pode ser alterado a seu gosto. Se preferir utilizar carne, corte-a em pedaços e frite antes de adicionar a verdura na panela.



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