Multilang

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Cultivo do Almeirão - II



Mudas de brotações



Para quem cultiva o almeirão em casa, dificilmente vai faltar uma salada em sua mesa.
O Cultivo do Almeirão foi a nossa primeira postagem no blog. A verdura mais cultivada em nossa horta, pela sua rusticidade e apresentar uma boa produção em vaso ou jardineira, enriquecendo nossa mesa com fibras, vitaminas e minerais. Alguns almeirões podem ser conhecidos como chicórias, porque fazem parte da mesma família.
Nesta nova postagem sobre o almeirão, apresentamos a obtenção de mudas do almeirão, através de suas brotações, assunto de interesse para quem tem uma pequena horta. Aproveitamos essa publicação para acrescentar outras informações, pois a postagem original deixou a desejar em alguns aspectos.
Quando se cultiva o almeirão numa jardineira, com plantas originárias de um mesmo lote de sementes, observa-se que algumas plantas são mais precoces com relação a emissão de suas brotações laterais, no aparecimento da haste de floração ou com um conjunto de folhas mais desenvolvidas do que as outras plantas. A observação entre as diferenças, pode ajudar na escolha das plantas que se deseja multiplicar.
O almeirão pode ser facilmente multiplicado através de suas brotações, pois no espaço entre as folhas, no caule existe uma gema, que pode desenvolver um broto ou rebento. Essa brotação pode ser obtida de uma planta que emite os brotos precocemente ou estimulada, conforme os exemplos a seguir:

Figura 1 – Brotação precoce do almeirão catalonha.
As brotações já estão despontando, ainda na fase inicial do desenvolvimento da planta.

Figura 2 – Almeirão pão de açucar.
As brotações dessas plantas serão estimuladas.

Figura 3 – Almeirão após colheita.
As folhas e os talos, das plantas da figura anterior, com auxílio de uma faca, foram colhidos, para consumo.
O corte não deve ser demasiadamente em baixo, mas deixando alguns pedaços de talos (gemas), no tronco. Na planta da direita, ficaram mais visíveis os pedaços de talos.

Figura 4 – Brotação estimulada do pão de açucar. 
Depois de 10 dias do corte, as plantas da Figura 3, desenvolveram brotações.

Figura 5 – Desenvolvimento das brotações.
Depois de 29 dias, da poda apresentada na Figura 3.
Então a partir das plantas podadas, diversas brotações são emitidas, podendo ser consumidas e também aproveitadas para mudas.
As folhas estão bem macias, sem necessidade de refogar, ao contrário das folhas da Figura 2 que foram consumidas refogadas.

Além das brotações originárias das gemas, algumas plantas emitem brotações pelas raízes, isto é, se comportam como fossem rizomas, conforme ilustração a seguir.

Figura 6 – Brotações do almeirão pelas raízes.
Podem ser consumidas e também aproveitadas para fazer mudas.
Além do almeirão catalonha e pão de açúcar, apresentamos fotos de outras variedades de almeirão que já cultivamos em vasos ou jardineiras:

Figura 7 – Almeirão radiche.
Jardineira de 5 litros.

Figura 8 – Almeirão spadona.
Vaso de 5 litros.

Figura 9 – Almeirão de cabeça vermelho.
Jardineira de 5 litros.
Apesar do nome, as folhas são verdes, não sabemos se é devido as sementes ou se devido ao clima.

Figura 10 – Chicória pendão de galatina.
Jardineira média de 12 litros.
Muito parecida com o almeirão catalunha, diferindo apenas na haste floral, sendo que a galatina tem uma haste com diâmetro bem maior.

           
Vamos a produção de mudas de brotações:
1.     Preparo e plantio da muda:
Pode ser aproveitada para muda, qualquer brotação do almeirão, desde que sua parte inferior, no contato com o caule, já apresente alguma rigidez. A porção superior das folhas, pode ser aproveitada para o consumo.
Recomenda-se colher a muda, quando tiver no mínimo entre 4 a 6 folhas. Com auxílio de um canivete ou uma faca pequena, a brotação deverá ser retirada no contato talo da folha com o tronco principal.

Figura 11 – Colheita das brotações.

Figura 12 – Brotações preparadas para o plantio.
São deixadas apenas as folhas novas, sendo que as folhas antigas podem ser consumidas. Observe que parte dos talos das folhas antigas devem ser preservadas.
Recomenda-se deixar essa brotação tratada, num vasilhame com água suficiente para cobrir a parte que vai ficar enterrada, uns 2 cm de nível, durante 3 dias, em seguida levar para o plantio.
O plantio das brotações pode ser feito em vaso ou jardineira, de modo definitivo, ou em copos plásticos de 200 ml.

Figura 13 – Plantio das brotações em copos.
Plantio em copos de 200 ml, com furos para drenagem da água e aeração.
O nível da terra no copo deve chegar pelo menos a 50% da altura do copo ou um pouco mais, depois de socado.
As mudas são inseridas na terra do copo até o início do talo das folhas, em torno de 2 cm de profundidade, podendo ser amparadas com um palito, se apresentarem algum tombamento após a rega.

Tanto no plantio direto para vaso ou jardineira, como em copos, recomenda-se que a brotação plantada não receba sol direto. Depois de 15 dias de plantio as mudas podem ficar expostas diretamente aos raios solares.


2.     Replantio a partir do copo:
As mudas feitas em copo, depois de 30 dias do plantio, podem ser levadas para o vasilhame em definitivo, enquanto que as mudas não aproveitadas, podem ainda permanecer nos copos, por alguns meses, pois no ambiente limitado, elas se desenvolvem pouco, podendo ser utilizadas para replantios futuros.

Figura 14 – Replantio do copo para jardineira.
Almeirão pão de açúcar na jardineira de 7,5 litros.

Figura 15 – Desenvolvimento na jardineira.
Jardineira na parte superior da figura, é resultado do replantio da Figura 14, na parte inferior é a jardineira onde o cultivo foi iniciado com o plantio das sementes.
Depois de 24 dias do replantio para a jardineira superior. Notar que os almeirões do replantio estão maiores, devido menor concorrência entre as plantas.

Figura 16 – Colheita de raleamento.
Foram colhidas 2 plantas da jardineira, de ordem par, da jardineira superior, da Figura 15.


3.     Distribuição das brotações no plantio ou mudas no replantio:
No plantio ou replantio, em local definitivo, a quantidade de mudas depende do volume do vasilhame ou variedade do almeirão.
            Por exemplo numa jardineira pequena, com capacidade em torno de 7,5 litros, para as variedades de folhas finas, como a catalonha, radiche ou spadona, recomenda--se deixar, depois do raleamento final, 5 mudas, enquanto para as variedades mais robustas deve se limitar, no final, ao máximo de 3 plantas, como a pão de açúcar e a repolhuda.
            Mas no replantio do copo para jardineira, com relação a densidade de plantas do parágrafo anterior, podemos plantar 9 mudas e 5 mudas, desde que as plantas de ordem par sejam cortadas (não arrancadas) precocemente, isto é, quando as folhas das plantas começarem a entrelaçar entre si, visto nas Figura 15 e 16.
            Na jardineira média, com capacidade em torno de 12 litros, os almeirões podem ser cultivados em duas fileiras, mas a plantas devem ficar alternadas entre as fileiras, isto é nenhuma planta fique encostada com a planta da fileira vizinha.
           

4.     Colheita:
Após o replantio, depois de duas semanas, algumas folhas podem ser colhidas, preferencialmente a partir das folhas inferiores (Figura 1). Para se evitar danos à planta, na hora da colheita, pode ser feito um pequeno corte na base do talo da folha, segurar a planta e puxar a folha a ser colhida, lateralmente.

Figura 17 – Colheita.
A colheita da planta apresentada na Figura 1.
Folhas com 30 cm.



5.     Preparo dos vaso e jardineiras:
O vaso ou a jardineira deverá ter seus furos cobertos com pedaço de tela de nylon ou sombrite, a seguir com 3 cm de areia de granulometria média ou grossa socada, finalmente completado com terra até atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
Os copos plásticos, de 200 ml, para mudas deverão receber 4 furos no fundo e um rasgo lateral no fundo de 2 cm, feitos com auxílio de uma pinça – de ponta curva - aquecida. Depois 2 cm de areia socada no fundo e completada com terra até atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
A terra pode ser adquirida pronta nas lojas de floricultura ou horticultura. Se for aproveitar alguma terra de cultura anterior, adicionar em torno de 30% em volume de adubo orgânico curtido, mais 1 colher de sopa de NPK e 0,5 colher de calcário moído, para cada 10 litros de terra, mas é interessante seguir a recomendação dos fabricantes para esses dois últimos produtos.
Quem for utilizar a terra de barranco – terra com argila e areia, sem nenhum trato, misturar com adubo orgânico curtido na proporção 50% cada, mais as proporções de NPK e calcário, citadas anteriormente.


6.     Cobertura morta e adubação complementar:
Depois do plantio ou replantio, o espaço livre entre as plantas pode ser coberto com folhas secas de bambu, folhas de citronela picadas, etc, o que evita desenvolvimento de ervas invasoras, desenvolvimento de algas, protege as raízes e evita que as folhas fiquem sujas de terra, com a água de chuva.
A adubação complementar deve ser feita quando notar que as plantas estão com desenvolvimento lento, após da colheita das folhas ou da poda. A jardineira deve receber em torno de 2 cm de mistura de terra misturado com adubo orgânico curtido (50%).


7.     Pragas:
O almeirão talvez seja a planta menos suscetível a pragas, das verduras que cultivamos em casa.
As pragas mais comuns nos almeirões são os insetos sugadores como os pulgões e cochonilhas. Semanalmente as plantas devem ser observadas, um bom indicador da presença de sugadores, é a presença de formigas nas plantas e nos vasos.
As cochonilhas poderão ser retiradas com auxílio de um pincel de ponta chata, com cerda de dureza média, com o vasilhame inclinado, para que os insetos não caiam dentro do vasilhame.
Os pulgões podem se instalar na parte onde estão brotando as folhas novas, dificultando a eliminação. Um jato fino (spray) de água aplicado na rega, na região infestada pelo sugador, dificulta a proliferação da praga. Outra solução é aplicar calda a base de pimenta e alho (ver na internet). Só não recomendamos a calda de fumo, porque as folhas serão consumidas.
            As folhas secas de nim, colocadas na base da planta, pode ser uma maneira de repelir os insetos sugadores.


8.     Dicas:
Observamos na internet uma grande quantidade de receitas do almeirão refogado, possivelmente porque essa verdura tem os talos e folhas mais rijas comparando-se à alface - nossa verdura padrão de salada crua - ou para diminuir o amargor do almeirão.
Para quem preferir a salada crua do almeirão, pode cultivar essa planta de 2 maneiras:

I.                   Cultivo das plantas em jardineiras, visando a colheita de plantas novas:
Plantio direto de sementes numa jardineira.

Figura 18 – Mudas do almeirão folha larga.
Jardineira de 7,5 litros, 37 dias após o plantio das sementes.
As colheitas (raleamento) podem ser feitas em etapas, para consumo, de modo que no final permaneçam apenas poucas plantas.

Figura 19 – Plantas depois do raleamento final.
Mesma jardineira da Figura 18, depois de 5 meses.
Quando restar apenas 4 plantas, são colhidas apenas as folhas.


II.                 Colheita das brotações novas:
Como na sequência das Figuras 3, 4 e 5, sendo a poda inicial cortando a planta na base, mas nas podas subsequentes sempre deve ser deixada uma brotação com folhas, para que a planta não venha a definhar.

Figura 20 – Brotação preservada.
No exemplo pode ser observado que 3 brotações foram colhidas para consumo.

Flores do almeirão:
As flores do almeirão podem consumidas como saladas ou servem para ornamentar pratos. Existem diversas receitas, na internet, sobre as flores dessa planta.

Figura 21 – Flor do almeirão.
Todos almeirões de cultivamos apresentaram flores com tonalidade azul.
Depois de iniciada a floração, com duração em torno de 2 meses, centenas de flores, gradativamente, são produzidas.

Para quem deseja cultivar o almeirão com objetivo de colher as flores, a seleção das brotações das plantas que emitem precocemente as hastes florais pode ser uma opção interessante.

Figura 22 – Almeirão com haste floral.
Para obtenção de mudas, logo no início do aparecimento da haste floral, a planta deve ser podada na base do tronco, com cuidado de deixar alguns pedaços de talos de folhas (Figuras 3 e 4), daí as gemas desenvolvem as novas brotações para mudas. Se a haste principal – que chega a atingir 2 m de altura, no almeirão - não for logo podada, as gemas se desenvolvem como hastes florais secundárias.


4 comentários:

  1. Bom dia! Quero parabenizá-lo pelo blog, eu amei! E gostaria de sugerir orientações sobre o plantio de ervas aromáticas e medicinais! E também de hortaliças que podem ser protetoras umas das outras em canteiros? Vc tem um canal pra conseguir mudas e sementes? Grata.

    ResponderExcluir
  2. Seus comentários, sugestões e até críticas, sobre o blog, serão bem recebidos. Se tiver material suficiente (com suas experiências pessoais, ilustradas com fotos), podemos publicar uma postagem especial sobre o assunto, pois o blog é de todos que compartilham.
    Sobre a compra de sementes, dependendo do local em que vivemos, a opção é procurar diretamente os fornecedores. Não temos nenhuma crítica, com relação as sementes comercializadas, o que podemos informar é já que adquirimos sementes da ISLA e SAKAMA SEMENTES (hortaliças japonesas, principalmente), via web ou por telefone.

    ResponderExcluir
  3. as folhas do meu almeirão está cheia de pontinhos pretos aparentando pragas consumindo as folhas. como tratar com receitas caseiras?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O almeirão é verdura que poucos insetos atacam essa planta. Aqui na horta, tenho observado, algumas poucas vezes a presença de cochonilhas, que é um inseto branco.
      A mancha preta pode ter 2 origens:
      1. Fungos: Em regiões mais úmidas, evitar regar nas folhas, no final de tarde, pois os fungos são disseminados mais no período noturno;
      2. Queimadura do sol: Evitar regar os almeirões durante o dia, com spray de água. O que pode acontecer é que as gotículas funcionam como lentes, com a luz do sol, e queimar as folhas;
      Veja que os horários de rega, nos 2 itens acima, são opostos.
      Não aplicamos nada aqui na horta, mas existem receitas na web com utilização de leite integral, pó de pimenta e canela, para evitar o ataque de alguns tipos de insetos.
      Se for uma cultura comercial, em estufas ou telas de nylon, as plantas ficam mais protegidas ao ataque de insetos.
      Talvez a praga de maior incidência nas verduras seja o pulgão, justamente porque sua propagação é incrível: Nas família das couves (Manteiga, Flor, Chingensai, Komatsuna, etc), rúculas e família das Mostardas.
      Por incrível que pareça, os pulgões não atacam as alfaces e nem os almeirões.
      Boa sorte.

      Excluir