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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Cultivo do Tomate – II

Propagação do Tomateiro através das brotações laterais


            Continuando a postagem do Cultivo do Tomate, apresentamos uma prática para obtenção de mudas dos tomateiros mais produtivos de sua cultura, economizando tempo para iniciar a colheita e com maior chance de sucesso nas culturas seguintes. Recomendado para quem está com dificuldade de produzir mudas através das sementes, na falta de sementes no comércio – comum em locais com demanda limitada - ou evitar as sementes resultantes de polinização cruzada entre as plantas, produzidas pelo horticultor.
            A propagação de plantas por estacas ou estaquia é uma técnica antiquíssima, quando alguém observou que um pedaço de ramo cortado de uma planta, talvez enterrado acidentalmente, rebrotou e desenvolveu uma nova planta. A partir daí, essa técnica se aprimorou, como a utilização de hormônios para acelerar o enraizamento das estacas. A estaquia deve ter sido a inspiração para o início da multiplicação ou a clonagem de plantas “in vitro”.
            A clonagem das plantas “in vitro” foi um grande avanço na tecnologia de multiplicação das plantas, mas essa técnica está mais limitada para culturas de maior escala, universidades e centros de pesquisas. Aos pequenos agricultores, horticultores comunitários ou escolares e a nós que praticamos a horticultura de fundo de quintal, a técnica simples da estaquia ainda é uma opção interessante.
            A obtenção de mudas com as brotações laterais não deixa de ser uma técnica de estaquia. Sobre o assunto, neste blog já comentamos, nas postagens de algumas ervas condimentares, no Cultivo da Couve Brocolis, Cultivo do Inhame Tororó, nesse caso através pedaços de ramos – apesar de levar 2 anos para chegar a colheita, é possível obter uma quantidade muito superior de mudas do que a técnica convencional de divisões do rizoma, assunto que merece pesquisa. Até o nigauri pode ser multiplicado, pois conseguimos obter mudas, através pedaços de ramos, colocados para enraizar em espuma fenólica.           
            Com essa multiplicação através das brotações conseguimos manter a cultura do tomate cereja Carolina por mais de três anos e com uma variedade de tomate, com planta anã, produzindo frutos antes de atingir de 20 cm de altura (Figura 15), adquirida no comércio, também foi possível aplicar essa técnica.

Vamos apresentar em seguida, como preparar as mudas de brotações:
1.      Escolha da planta mãe e das brotações laterais:
Para obter colheita de frutos vistosos, no cultivo do tomateiro em vasos ou jardineiras, se recomenda deixar além do tronco principal, 1 a 2 ramos secundários, a partir de 50 cm do solo.


Figura 1 – Tomateiro recém replantado.
As brotações até 50 cm do solo devem ser eliminadas ou aproveitadas para muda.

Então, as brotações para obter mudas podem de plantas sadias logo depois do replantio, quando as brotações tiverem em torno de 10 cm, como na Figura 1; na fase de floração, Figura 2; ou na fase da colheita dos frutos, Figura 3.

Figura 2 – Tomateiro em fase de floração.

Figura 3 – Tomateiro em frutificação.
Brotação no canto esquerdo superior.

Figura 4 – Poda de brotações.

Com auxílio de um canivete ou faca pequena, as brotações são retiradas com corte rente ao tronco. Tamanho ideal para plantio em copos plásticos de 200 ml é que a brotação esteja com máximo de 10 cm de comprimento, o que facilita o seu manuseio, mas nada impede que tenha dimensões maiores ou menores, ou até brotações apresentando pequenos botões florais.


2.      Tratamento das brotações para mudas:
As folhas abaixo de 50% da altura das brotações podem ser retiradas com auxílio de uma tesoura ou canivete. Folhas grandes podem ser parcialmente podadas nas suas extremidades.

Figura 5 – Preparo para muda.
Foram retiradas parte do caule, folhas e parte das folhas maiores.

3.      Métodos para o plantio das brotações:
3.1  Plantio direto em local definitivo:
Providenciar um furo na terra do vaso ou no chão, de profundidade em torno de 50% da altura da brotação – até onde foram retiradas as folhas inferiores -, e plantar. Regar com água e colocar uma proteção para evitar o sol direto, até o pegamento da muda (emissão de folhas novas).
Esse método funciona melhor em climas amenos ou plantio em dias nublados. A desvantagem desse método é que a muda pode se contaminar nos locais dos cortes, com vírus do solo.
Então melhor deixar a brotação uns 3 dias ou mais, em copo com água e deixar em local sombreado, até a cicatrização dos cortes. Ainda assim, existe o problema das mudas se envergarem, no copo com água, dificultando um pouco o plantio.


3.2  Aguardar o enraizamento das brotações:
Logo após o corte das brotações, elas podem ser colocadas em um copo com água, para que ocorra o enraizamento. O nível da água no copo deve atingir no máximo 2 a 3 nós das brotações.
Depois de 7 a 10 dias em um copo com água, a brotações começam a enraizar, podendo ser plantado em local definitivo ou provisoriamente em um copo plástico.


Figura 6 – Brotações enraizadas em copo com água.
Ocorreu envergamento das brotações..

3.3  Utilização de espuma fenólica:
Evita o envergamento das brotações e facilita o plantio da muda enraizada.


Figura 7 – Brotação na espuma.
As mesmas brotações da Figura 5.
Colocada em pedaço de espuma fenólica, logo após o corte.

Figura 8 – Copo para enraizamento.
O copo deve ter um ou mais rasgos laterais, um pouco abaixo do nível da espuma, assim evita que o copo fique cheio demais com a água de chuva ou da rega.
O copo pode ser deixado em local sombreado, mas com luminosidade.
O copo deve ser diariamente completado com água, a fim de evitar o secamente da muda, oxigenação da água e ainda considerar que essa brotação fica em ambiente pobre em nutrição.
O enraizamento da muda aparece fora da espuma, em torno de 10 dias.


4.      Plantio das mudas em copos plásticos:
Assim que aparecerem as raízes, a muda de brotação pode ser plantada em vaso definitivo ou em um copo com terra.

Figura 9 – Brotação enraizada.
Mudas das brotações das Figura 5 e 7.
Foram 16 dias na espuma, mas logo que as raízes começassem a despontar fora da espuma, a muda poderia ser plantada.

Figura 10 – Plantio em copo.
Copo de plástico, 200 ml, com 4 furos no fundo e um rasgo lateral no fundo de 1 cm, feitos com uma pinça aquecida numa vela acessa.
Acrescentar no copo areia no fundo, 1 a 1,5 cm, socada, uma camada de terra de 2 cm, socada, em seguida a muda com espuma fenólica, completando o copo com terra até cobrir a espuma.
Regue com água e deixe alguns dias em local sombreado.
Assim que iniciar a brotação de novas folhas, a muda pode ser levada para um local ensolarado.


5.      Replantio das mudas dos copos para local definitivo:
A vantagem da transição da espuma para o copo plástico com terra e depois replantio para vaso definitivo, é que dificilmente se perde a muda.
A muda do copo pode ser replantada assim que a planta comece a emitir novas folhas ou ainda é possível manter a muda plantada no copo, por alguns meses.
Depois de 10 dias de plantio em copo, a muda já está com enraizamento bem desenvolvido.

Figura 11 – Muda no replantio.
Depois de 7 dias de plantio no copo de 200 ml (Mesma muda das Figuras 9 e 10), sendo levada definitivamente para uma jardineira.


6.      Dicas:
As espumas fenólicas são vendidas na internet, na forma de placas, em variadas dimensões.

Figura 12 – Placa de Espuma Fenólica.
As placas já estão marcadas com sulcos para facilitar a separação dos pedaços, por unidade. Para o plantio das mudas em copos de 200 ml, preferimos as placas com unidades de 2,5 cm x 2,5 cm x 3,0 cm. Evite separar os cubinhos apenas torcendo as placas com as mãos, sendo preferível separa-los com o auxílio de um estilete.



Se o tamanho da brotação for muito maior que 10 cm, ela pode ser plantada em um copo plástico de 300 ou 500 ml, antes de levar para local definitivo. Nas brotações maiores podem ser utilizados mais de um pedaço de espuma fenólica, de forma empilhada.

Figura 13 – Mudas em copos.
Mudas enraizadas plantadas em copos de 200 e 500 ml.

Exemplo de obtenção de mudas com tomateiro comprado no comércio:


Figura 14 – Planta adquirida no comércio.
Adquirimos a planta, carregada de frutos, em um vaso de 1 litro.
A partir dela foi obtida mudas através de brotações.
 A Figura 17 da postagem Cultivo do Tomate-I, é um exemplo da multiplicação dessa planta.

Figura 15 – Brotação.
Com altura em torno de 5 cm.

Figura 16 – Plantio em copo.
Mudas enraizadas em espuma fenólica.
Após de 15 dias do corte da brotação.

Figura 17 – Replantio para vaso.
Do copo de 200 ml para vaso de 5 litros.
Depois de 40 dias de cortada a brotação para muda.

Figura 18 – Planta em desenvolvimento.
Depois de 77 dias de cortada a brotação para muda ou 40 dias depois do replantio para o vaso de 5 litros.
Planta com 17 cm de altura e começa apresentar floração no topo da planta.

Aproveitamento de mudas que seriam eliminadas:
No caso de plantio de sementes em copos, as mudas são replantadas em vasos definitivos e depois é mantida apenas uma das mudas, sendo as demais eliminadas, cortadas com uma tesoura no pé do tronco. É assim procedido para que as raízes da planta principal não sejam danificadas e sujeitas à contaminação.
Na carência de mudas, as mudas que seriam descartadas podem ser reaproveitadas, colocando-as para enraizar em espuma fenólica.


Figura 19 – Mudas plantadas.
Copo para vaso definitivo.


Figura 20 – Vaso depois de eliminada uma das mudas.
Figura 21 – Muda eliminada.
Cortada com uma tesoura, na base.
Essa muda pode ser colocada numa espuma fenólica com água e depois de enraizada, plantada em um copo de 200 ml.

Figura 22 – Replantio da muda
Muda da Figura 21 do copo para vaso definitivo de 12 litros.
O replantio ocorreu depois de 27 dias do corte, colocada em espuma fenólica com água e plantada em copo de 200 ml.

Esse procedimento de aproveitar as mudas que seriam descartadas, pode ser aplicado para as pimentas, pimentões e berinjelas, com sucesso.



5 comentários:

  1. Ana Paula:
    Obrigado por acessar o nosso blog.
    Para quem se dedica a horticultura caseira ou a comunitária, se utilizar o método da multiplicação do tomateiro com as brotações, principalmente com a variedade cereja Carolina, tem muita chance de boas colheitas, ininterruptamente.
    Massahiro.

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  2. Massahiro, estou tendo problema em todos meus tomateiros (tomate cereja) e vasos de pimenta biquinho. Os tomateiros estão com manchas e necroses pontuais nas folhas e amarelamento. Os pimenteiros estão com amarelamento, crescimento estagnado, quedas e pintinhas nas folhas.
    Estou tentando de tudo.
    Voce tem alguma ideia?
    Há um tempo estive com uns bichinhos verdes em todas as plantas, que combati com NEEM. Cheguei a te perguntar se conhecia eles.
    Será que levaram alguma doença? Desconfio de fungo também.

    https://www.dropbox.com/sh/d9wdkyxe6p5w0j1/AABuRtr0I-kuDfyXwxU5Z3pia?dl=0

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  3. Esqueci de falar, as fotos estão no link.

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    1. Henrique:
      Interessante que suas plantas do tomate e da pimenta biquinho apresentam os mesmos sintomas, conforme as fotos que foram disponibilizadas.
      Se fosse apenas o tomateiro, uma das possibilidades seria fungo, então seria evitar molhar as folhas na hora da rega, pois as sementes do fungo são propagadas pelo vento e tendem a se fixar nas folhas molhadas. Nesse caso, as folhas infestadas devem ser eliminadas para fora do ambiente da horta.
      Considerando que, no nosso cultivo, não observamos casos de fungos nas pimentas biquinho e Cambuci, e os sintomas do tomate e pimenta são semelhantes, uma hipótese pode ser a falta de algum nutriente no solo utilizado na sua cultura, por exemplo a falta de magnésio (Literatura, “Manual de Olericultura”, de Fernando A.R. Filgueira, acreditamos uma das referências do horticultor no passado, quando se utilizava muitos defensivos agrícolas, mas um trabalho muito interessante).
      Então, tente corrigir a deficiência de nutrientes com adubação liquida, vendida no comércio, em vasilhames de 100 ml, pode ser para irrigar a planta ou borrifar as folhas. Observar bem a composição do adubo e atentar para as recomendações do fabricante.
      Bom cultivo,
      Massahiro.

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