Cultivo da Couve Chinesa Chingensai (Bok Choi ou Pak Choi)
Existem diversas hortaliças conhecidas
como couve chinesa, sendo a acelga chinesa ou a hakussai, mais popular entre
nós brasileiros, devido a imigração japonesa. Outras couves chinesas como chingensai,
saichin, tah tsai e kailan
ou ryokuho, ainda são pouco apreciadas no Brasil. A kailan é mais parecida com
a couve brócolis, podemos consumir as folhas, as flores e as brotações laterais
novas.
Figura 1 – Couve Chinesa Chingensai. |
Cultivada
em jardineira.
A chingensai, conhecida como Bok
Choi nos EUA, hortaliça da família da família das Brassicaceae, começou
a ser mais consumida no ocidente, depois que passaram a divulgar as suas
propriedades curativas, devido às suas vitaminas, aos minerais e aos compostos
presentes nessa hortaliça. Mas como sempre, para todos os remédios, existem as
contraindicações.
A couve chingensai é uma hortaliça
que pode ser facilmente cultivada em vasos ou jardineiras, de ciclo curto, no
entanto as plantas terão dimensões menores que as oferecidas no mercado. Para
as regiões mais quentes é sugerido plantar a variedade Natsu Shomi (Natsu é verão
em japonês).
Pode ser preparada crua, refogada,
cozida ou passada no vapor. Modo mais prático de consumir é em forma de salada
crua, sendo as folhas e os talos picados em pedaços e temperados a gosto,
podendo ser misturada com outras saladas de verduras.
Vamos ao
cultivo da chingensai:
1. Plantio:
Recomenda-se
iniciar o plantio das sementes em uma jardineira de 5 até 12 litros de
capacidade, aproximadamente, visando consumo doméstico, porque volumes maiores dificultam o transporte e o manejo do vasilhame.
A
distribuição das sementes pode ser aleatória, mas o plantio em linha torna mais fácil o
trato cultural. Nas jardineiras menores, uma fila, com as sementes distanciadas
entre si de 2 cm, e nas jardineiras maiores (12 litros), duas filas, sendo o
distanciamento entre filas de 10 cm.
Figura 2 – Plantio das sementes. |
Jardineira de 12 litros, plantadas em 2 fileiras.
O
sulco das sementes pode ter 0,5 cm de profundidade, depois cobertas com terra, depois
socar levemente.
Figura 3 – Germinação das sementes. |
Após 3
dias do plantio das sementes.
No
exemplo, a terra que cobriu as sementes teve uma mistura de vermiculita (50 %
em volume).
2. Raleamento
das mudas:
Para que
algumas plantas, no final da colheita, apresentem um porte maior, será
necessário fazer o raleamento das plantas intermediárias, que poderão ser
consumidas e parte delas aproveitadas como mudas para replantio.
Figura 4 – Mudas. |
Após 9 dias do plantio das sementes.
O
raleamento deve ser feito com auxílio de uma tesoura, cortando a planta na
base.
A retirada
das plantas pode ser feita em diversas etapas, sendo interrompida quando as plantas
estiverem distanciadas de 10 cm, entre si.
Prioriza-se
a retirada das plantas que estiverem mais próximas das outras, as fragilizadas e as
tortuosas, procurando manter um distanciamento homogêneo entre as plantas que
permanecerão na jardineira.
Exemplo de raleamento:
Figura 5 – Desenvolvimento das mudas. |
Jardineira de 30 litros, plantio com apenas 1 fileira.
Mudas depois de 22 dias após o plantio das sementes.
Figura 6 – Colheita do raleamento. |
Para consumo, retire as plantas mais tortuosas, frágeis e fora da
fileira.
Para replantio, as mais saudáveis e menos estioladas.
Figura 7- Jardineira logo após o raleamento. |
Se as plantas estiverem com estiolamento, deve ser juntado um pouco de
terra ao longo da fileira.
Figura 8 – Desenvolvimento das mudas. |
Mesma jardineira da figura anterior, após 11 dias, podendo ser efetuado
um novo raleamento para consumo ou preparo de mudas.
3. Preparo de
mudas e replantio:
Se parte
das mudas de raleamento for utilizada para replantio, elas devem apresentar no
mínimo 4 folhas definitivas. Com auxílio de uma faca pequena com ponta afilada,
retira-se a muda com torrão de terra e replantada em local definitivo (vasos ou
jardineiras) ou, temporariamente, em copos plásticos de 200 ml.
Se as
mudas estiverem muito próximas, elas podem ser arrancadas com cuidado, para
preservar a maior parte das raízes, nesse caso, a jardineira das mudas deverá
estar bem umedecida.
Nos casos
de replantio direto, ou seja, da jardineira de mudas obtidas por sementes para
outra jardineira ou vaso definitivo, espaçar as mudas distanciadas de 10 cm
entre si. Providenciar rega diária de água e o novo vasilhame deve receber
proteção conta o sol direto nas plantas, com pedaço de tela de nylon ou
sombrite, ou transferidos para local sombreado, mas com luminosidade, pelo
menos 5 a 10 dias, até que se constate o pegamento das plantas.
Figura 9 – Replantio em copos. |
Muda replantada após 20 dias de plantio das sementes, com 4 folhas definitivas.
Para
o replantio em copo, as mesmas recomendações dos parágrafos anteriores. A
desvantagem da muda levada no copo é que deverá passar por um novo replantio
para vaso ou jardineira em forma definitiva, demandando mais tempo na cultura,
mas a vantagem é que no replantio do copo para vaso ou jardineira, praticamente
não existe perda, principalmente no nosso clima do nordeste brasileiro.
A
muda de replantio (copo para vaso ou jardineira) pode apresentar um
desenvolvimento melhor do que nas jardineiras originais, porque inicia seu novo
ciclo de desenvolvimento, com menor concorrência pelos nutrientes.
Figura 10 – Chingensai replantada. |
Colheita depois
de 33 dias após do replantio.
4. Colheitas:
Por ser
uma hortaliça de ciclo curto, podem ser consumidas as mudas raleadas.
Figura 11 – Plantas em desenvolvimento. |
Após 36 dias do plantio das sementes, sem raleamento das mudas, mesmas
plantas da Figura 4.
Figura 12 – Colheita Intermediária. |
Após 37 dias do plantio das sementes, mesma jardineira da figura
anterior.
Como não houve raleamento anterior, o excesso de plantas, provocou o estiolamento das mesmas.
Melhor
tivesse feito raleamentos com intervalos menores de tempo.
Figura 13 – Colheita final. |
Depois de 80 dias do plantio das sementes, totalizando 4 colheitas.
Mesmas plantas da jardineira das Figuras 4, 11 e 12.
5. Preparo do
vaso e terra:
O vaso ou
a jardineira deverá ter seus furos cobertos com pedaço de tela de nylon ou
sombrite, a seguir com 3 cm de areia de granulometria média ou grossa socada,
finalmente completado com terra até atingir 2/3 a ¾ da altura do vasilhame.
Os copos
plásticos, de 200 ml, para mudas, deverão receber 4 furos no fundo e um rasgo
lateral no fundo de 2 cm, feitos com auxílio de uma pinça – de ponta curva -
aquecida. Depois 2 cm de areia socada no fundo e completada com terra até
atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
A terra
pode ser adquirida pronta nas lojas de jardinagem ou horticultura. Se for
aproveitar alguma terra de cultura anterior, adicionar em torno de 30% em
volume de adubo orgânico curtido, mais 1 colher de sopa de NPK e 0,5 colher de
calcário moído, para cada 10 litros de terra, mas é interessante seguir a
recomendação dos fabricantes para esses dois últimos produtos.
Quem for
utilizar a terra de barranco – terra com argila e areia, sem nenhum trato -,
misturar com adubo orgânico curtido na proporção 50% cada, mais as proporções
de NPK e calcário, citadas anteriormente.
6. Cobertura
morta e adubação complementar:
A
cobertura morta, com folhas picadas de citronela, folhas de bambu, vermiculita
e etc, ajuda manter a terra umedecida, limita a quantidade de plantas
invasoras e algas.
A
adubação complementar com terra e adubo orgânico curtido pode ser feita em caso
de observar que a planta está com desenvolvimento lento, com auxílio de uma
espátula, coloque a mistura, por exemplo, ½ litro em cada um dos lados da
fileira de plantas, para uma jardineira de 5 litros. Se a jardineira já estiver
raleada, coloque essa mistura em torno de cada planta, em torno de 100 a 200 ml
da mistura, cada planta, quantidade depende do grau de desenvolvimento da
planta.
Em caso de
aplicar NPK esse produto não deve ser aplicado muito próximo ao tronco das
plantas, por exemplo distribuindo em cada lado da fileira de plantas de uma
jardineira de 5 litros, ½ colher de sopa de NPK, mas para esse produto deve ser
consultado a recomendação do fabricante.
7. Pragas:
As mais
comuns são os sugadores que se instalam na face inferior das folhas, a lagarta
que se alimentam das folhas ou, pior ainda, a lagarta que se instala dentro do caule
da planta, prejudicando o desenvolvimento da planta.
Figura 14 – Lagarto da folha. |
Figura 15 – Lagarto do caule. |
Faz um furo no tronco, na ponteira da planta, atacando também as folhas
da ponteira.
Os excrementos da lagarta são observados no topo do caule.
Figura 16 – Dano causado pelo lagarto. |
Mesma planta da figura anterior, depois de uma semana.
A lagarta, durante o dia, se esconde no buraco que fez no caule da
planta.
Semanalmente
verifique as plantas. Presença de formigas nas jardineiras ou vasos pode
indicar presença de sugadores, assim como folhas roídas, a presença de
lagartas.
Se sua
cultura estiver em local suscetível ao ataque de pragas, colocando um pedaço de
tela de nylon ou sombrite sobre as jardineiras, resolve em parte o problema.
Figura 17 – Tela de proteção. |
Proteção com tela de nylon, aberta para a foto.
Plantas de replantio de copo para jardineira, mesmas da colheita apresentada
na Figura 10.
Especificamente
sobre o pulgão, que recomendamos retirar com pincel, manualmente ou com jato de
água. Se a infestação está avançada, melhor eliminar a planta para evitar a
propagação nas plantas vizinhas.
8. Dicas:
Para todo
tipo de hortaliça, pode ser feito um teste da taxa de germinação das sementes,
plantando apenas pequenas quantidades, em copos plásticos de 200 ml.
Mesmo com
sementes sadias, se utilizar terra com excesso de adubação na terra, a semente pode
germinar, mas apodrecer, antes de despontar na superfície. Então pode ser
preparada uma terra que vai ficar em contato com a semente, misturada com 50%
de volume de vermiculita, como no exemplo da Figura 3.
Como se
trata de uma planta de ciclo curto, pode ser plantada consorciada com outras
hortaliças de ciclo mais longo, principalmente quando o cultivo é feito em
jardineiras maiores (30 litros).
Figura 18 – Planta consorciada. |
Colheita após 50 dias do plantio das sementes da chingensai,
consorciada com tomateiros.
O plantio das sementes foi realizado, logo após do replantio das mudas
dos tomateiros.
No caso de
plantio em jardineira de volume em torno de 12 litros, sendo feito o plantio em
2 fileiras, colocada em determinada posição, parte das mudas pode ficar com a
insolação prejudicada – observada pelo desenvolvimento desigual das plantas -,
então pelo menos semanalmente, alternar a posição da jardineira em 180o.
O paladar
da salada, preparada apenas com a chingensai, picada e crua, pode não ser muito
atrativo, semelhante com o da hakussai, preparada da mesma maneira, devido seus
talos suculentos, a salada deve parecer muito aguada.
Então para
se ter uma salada menos aguada, similar ao que se faz com a hakussai, as folhas
e talos, inteiros, podem ser colocados numa bacia, aplicando pitadas de sal,
descansando em torno de 1 hora, depois a chingensai é passada na água corrente
e as folhas espremidas, picadas e servida pura. Esse procedimento faz com que
as folhas e talos se desidratem parcialmente, deixando a salada mais palatável.
Recomenda-se
sempre picar os talos porque, apesar da aparência macia, ela tem fibras que
podem causar o engasgamento durante a refeição, principalmente para os idosos e
crianças. Essa dica pegamos na TV NHK, do Japão.
A
utilização da chingensai em pratos orientais, preparada cozida, deve ser a mais
comum. O prato com a chingensai refogada é bastante fácil.
Figura 19 – Chingensai refogada. |
Folhas e talos picados, refogados no azeite de oliva, com pouco de óleo
de gergelim, pequenas quantidades de shoyu, sake mirim e misso (misso diluído
na mistura do shoyu e sake), com pó de kombu. Para quem prefere um prato mais
temperado, que tal misturar pimenta biquinho ou cambuci, ao natural ou em
conserva.
Pode ser adicionado ao prato, carne vermelha cortada em fatias ou carne
de frango em cubos.
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