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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Cultivo da Sálvia


                A sálvia comum ou officinalis é uma planta originária da região mediterrânica, erva condimentar cujo trato cultural é semelhante ao do alecrim, pois são plantas que fazem parte da mesma família, as Lamiaceae.

É utilizada para temperar carnes e peixes. Infelizmente o pessoal de casa não aprecia essa erva, devido seu odor. Essa planta foi muito utilizada, antigamente, como medicinal, mas com diversas restrições.

                Trata-se de uma planta bonita, podendo ser utilizada para decoração de ambientes, porém não deve ficar por muito tempo sem receber sol.

Figura 1 - Sálvia cultivada em vaso de 5 litros.
                Seu cultivo pode ser iniciado com o plantio das sementes, mudas obtidas por multiplicação de plantas ou de mudas prontas adquiridas no comércio, sendo que essa última opção abrevia o tempo para iniciar a colheita.


Então vamos ao cultivo da sálvia:

1. Início do cultivo:

1.1   Mudas obtidas com o plantio das sementes:
               O plantio das sementes pode ser iniciado em vasos de muda, com capacidade aproximada de 0,5 a 1,3 litro.

No fundo do vaso, colocar um pedaço de tela de nylon ou sombrite, acrescente 2 cm de areia de granulometria média ou grossa, dê uma leve socada na areia e depois complete com terra até atingir entre 2/3 a ¾ da altura do vaso e nivele e soque a terra.
 
Figura 2 – Distribuição das sementes.
As sementes devem ser distribuídas distanciadas 0,5 a 1,0 cm entre elas. Sobre sementes acrescente, com cuidado, mais 0,5 cm de terra, soque novamente e regue com cuidado, levando o vaso local sombreado, mas com luminosidade.
 
Figura 3 – Germinação das sementes.
Depois de uma semana do plantio, as sementes começam a germinar.
Foi colocada uma folha de papel tolha, para a água da rega não movimentar as sementes.
As mudas podem ser colocadas em local ensolarado, mas protegidas, por exemplo com pedaço de tela de nylon, para prevenir ataques de insetos e pássaros.
 
Figura 4 – Desenvolvimento da muda.
Depois de 24 dias do plantio das sementes.
Plantas com 4 folhas definitivas.
As mudas já podem ser replantadas em local definitivo.
Foi colocada uma camada de perlita, para proteção das mudas, depois que as sementes germinaram.

O plantio da semente também pode ser feito em um copo plástico de 200 ml, perfurando o fundo com 4 furos e um rasgo lateral no fundo de 1 cm, com auxílio de uma pinça de ponta fina aquecida. Não há necessidade de colocar a tela de nylon, apenas 2 cm areia no fundo e completar com terra até atingir a altura de 2/3 a ¾ da altura do copo. Nesse caso são plantadas 3 a 4 sementes distanciadas de 1 cm entre elas, na parte central do copo.

          Replantio da muda das mudas obtidas por sementes:
Apresentaremos o replantio intermediário para copos plásticos de 200 ml, devido ao nosso clima quente, aqui no nordeste brasileiro. Após o pegamento das mudas replantadas em copos é que levamos para os vasos em definitivo, assim procedendo dificilmente perdemos a muda.
 
Figura 5 – Replantio da muda.
Retire a muda do vaso original, com auxílio de uma faca pequena.
Antes de retirar a muda, espete a faca em volta da muda, para formar um torrão trapezoidal, então retire a muda com o torrão.
A terra deve estar umedecida, mas não em demasia, por exemplo logo após da rega.
A terra mais o torrão serão levados para local definitivo da cultura, ainda apoiados na faca.
A muda da direita perdeu o torrão, porque estava muito próximo da muda retirada com torrão, mas pode ser aproveitada.
 
Figura 6 – Muda replantada.
O local que receberá a muda deve ter um sulco da dimensão pouco maior que o torrão.
No exemplo, o replantio foi feito em um copo, mas pode ser feito para o vaso em definitivo.
 Depois de acomodado a muda e o torrão no sulco, soque em volta e acrescente pedriscos, para proteção das raízes e previne o desenvolvimento de ervas daninhas e algas.
Coloque a muda em local protegido, sem sol direto, mas com luminosidade, quando iniciar o desenvolvimento de novas folhas leve para local mais ensolarado.

A partir do 2º mês do replantio da muda em copo, ela pode ser levada para um vaso em definitivo. Para o caso do plantio iniciado com a semente em copo, conforme citado no final do item 1.1, o replantio para local definitivo pode ser feito a partir do momento que as mudas tiverem desenvolvidas 4 folhas.

No replantio do copo para o vaso, a muda deve permanecer com a terra do copo, partindo o copo em diversas tiras longitudinais ou segurando o copo e ao mesmo tempo com 1 ou 2 dedos apoiando a terra do copo, vire o copo de cabeça para baixo e dê uma leve batida no fundo.

O vaso para replantio da muda deve ter seus furos cobertos com uma tela de nylon ou sombrite, depois com 2 a 3 cm de areia de granulometria média ou grossa e socada, finalmente completada com terra adubada até atingir 2/3 a ¾ da altura do vaso.

As mudas, apresentadas nas Figuras 4 e 5, podem ser replantadas direto em vasos, lembrado que inicialmente os vasos deverão ser colocados em local sombreado, mas com luminosidade. A partir do momento que as mudas emitirem folhas novas, as plantas poderão ser colocadas em local ensolarado.

As mudas desenvolvidas em copos, ao fazer replantio para vasilhame em definitivo, podem ser colocadas em local com sol direto.

1.2   Mudas adquiridas no comércio:
O tratamento dado para a muda comprada pronta é o mesmo adotado para o alecrim, que pode ser visto na postagem Cultivo do Alecrim.

As mudas de sálvia e alecrim encontramos facilmente nas casas de horticultura, floriculturas, quiosques de plantas ou até mesmo em supermercados, pois essas mudas são resistentes, não exigindo muita atenção.

1.3   Mudas obtidas de ramos:
Depois de iniciar o cultivo da sálvia, em sua horta, a planta pode ser facilmente multiplicada através de ramos.
 
Figura 7 – Planta mãe.
Planta da Figura 11, depois de 148 dias. Reservada para obter ramos para produção de mudas.

A planta mãe não precisa ser adubada com muita frequência, a cada 3 meses, uma colher de chá de NPK e meia colher de calcário, pode ser uma boa medida, para vaso de 1 litro.

            Como preparar os ramos para obter mudas:

Figura 8 – Ramos para muda.
Os ramos podem ter de 3 a 5 cm ou até um pouco mais de comprimento.
Retirado rente ao tronco de origem, de preferência que a base do ramo já esteja um pouco lenhoso ou seja não muito macio.
Importante que tenha pelo menos 6 nós, de 3 nós inferiores retiramos suas folhas e essa parte sem as folhas que vai ser enterrada, no vasilhame preparado para formar as mudas.

Os ramos preparados, conforme a Figura 8, podem ser colocados diretamente em vasos de mudas, em copo plástico de 200 ml ou em vasos maiores. Devem ser colocados pelo menos 3 ramos em cada vasilhame, porque nem todas mudas poderão vingar.

Inicialmente, mantenha essas mudas em local protegido, sem sol direto, mas com luminosidade, atenção na rega para que não ocorra o ressecamento da terra. Depois que as mudas começarem a emitir novas folhas, elas deverão receber melhor insolação.

Outra opção é colocar a muda para enraizamento prévio, em um pedaço de espuma fenólica, conforme orientações da postagem Cultivo do Alecrim.
 
Figura 9 – Muda preparada em espuma fenólica.
Vista do enraizamento em espuma, dentro de um copo com água, depois de 43 dias (Ramos da Figura 8).
Assim que as primeiras raízes emergirem da espuma, a muda já pode ser plantada em copo, vaso de muda ou em vaso maior, nesse caso em definitivo. Nesse caso, procure deixar inicialmente em local meio sombreado.
 
Figura 10 – Replantio da muda para local definitivo.
Muda enraizada da Figura 9, plantada em copo, depois de 95 dias, mas com 30 dias já poderia ter sido replantada em local definitivo.


2. Desenvolvimento da planta:
A sálvia a partir do replantio em vasilhame definitivo não exige muita atenção, apenas rega e adubação complementar. Considerando o consumo caseiro, é interessante cultivar essa planta em 2 ou 3 vasos pequenos de 2,5 a 5 litros, para prevenir eventual perda. Para quem tem um pequeno restaurante, a planta pode ser cultivada em vaso com volume em torno de 20 litros.
Figura 11 – Desenvolvimento da planta.
Muda depois de 68 dias do plantio da semente, em vaso de muda com capacidade aproximada de 1,3 litro.
Nos vasos menores as plantas não desenvolvem muito.
 
Figura 12 – Replantio em vaso maior.
Planta com aproximadamente 4 meses de replantio, do vaso de muda para vaso definitivo com capacidade aproximada de 7 litros.



3. Terra para plantio, vasos e poda, colheita e adubação complementar:
Conforme foi dito os tratos culturais para a sálvia são similares aos praticados com o alecrim, portando a terra a ser utilizada e adubação complementar, consultar Cultivo do Alecrim.

No alecrim corta-se pedaço do ramo para consumo, no caso da sálvia pode ser feita a coleta de algumas folhas, apenas para o tempero do dia.

Quando o ramo estiver com poucas folhas, após colheitas, pode ser cortado na base ou deixado uns 3 a 4 nós para que ocorra novas brotações. Evite cortar todos os ramos de uma vez ou seja deixe pelo menos um ramo com folhas, senão a planta pode definhar.

 Depois do replantio em vaso definitivo, a planta vai emitir diversas brotações, tanto na base, como no tronco principal.
 
Figura 13 – Desenvolvimento da planta.
Planta depois de 41 dias do replantio.
Observar que na base da planta está desenvolvendo ramos novos.
A tendência do tronco principal arriar é que depois do replantio em vasilhame maior, a planta começa a emitir folhas maiores.

Eventualmente pode haver ataque de insetos, principalmente de pequenas lagartas, nas folhas mais novas, que poderão ser eliminadas manualmente. Na Figura 12, pode ser vista algumas folhas atacadas pelas lagartas.

A cada 2 a 3 meses pode ser feita uma cobertura com 100 ml de terra + adubo orgânico (50% cada), para um vaso com capacidade de 5 litros, podendo ser alternado com ½ colher de sopa de NPK (para esse produto ler recomendação do fabricante).


1   4. Dicas:
Como a sálvia é uma planta de fácil multiplicação, é interessante manter uma planta mãe, pois com passar do tempo, as plantas começam a apresentar produções pífias, então é melhor renovar a cultura, através das mudas de brotações.

Se desejar cultivar uma planta com tronco único, desde cedo o tronco principal deve ser escorado, por exemplo com espetinho de madeira utilizado para churrasquinho ou um “hashi”.
 
Figura 14 – Planta não escorada.

Não foi feito o escoramento da planta, por isso a planta arriou com o peso da copa.

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