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domingo, 11 de janeiro de 2015

Cultivo do Salsão ou Aipo



            O salsão ou aipo pertence à mesma família da salsa, da cenoura, da batata salsa e do cominho. Considerada planta medicinal, rica em fibras, vitaminas e minerais, mas não muito popular na mesa do brasileiro, como as outras hortaliças.
            Se consome as folhas, os talos das folhas e as raízes do salsão. Muitas são as variedades dessa planta, portanto é normal que a parte recomendada para consumo, de determinada variedade, apresente melhor aspecto, quando comercializado.
Não acreditávamos que o salsão se adaptasse bem ao clima do nordeste, mas ficamos surpresos que essa planta se desenvolveu bem aqui. É claro que nossa experiência é de cultivo em vasos ou jardineiras, por isso a planta não se desenvolve tanto como a planta cultivado no chão.
Já cultivamos a variedade tronchuda e atualmente estamos cultivando o salsão de raiz, principalmente com o objetivo de consumir os talos das folhas. Existe uma infinidade de receitas na web, sobre o preparo dos talos de salsão em forma de salada.
Suas folhas são utilizadas para temperar sopas, aliás tem muita sopa vendida pronta, onde o odor e o sabor do salsão são marcantes. As folhas também são utilizadas para temperar molhos e fazer parte das saladas, principalmente as folhas novas.
Como se trata de uma cultura suscetível ao ataque de pragas, portanto com risco de consumir produto contaminado com defensivos agrícolas, nada mais saudável que consumir o salsão cultivado no seu quintal.

Vamos ao plantio do salsão:

1.      Plantio a partir de sementes:
O plantio das sementes pode ser iniciado plantando em copo plástico de 200 ml ou em vaso de muda, disponíveis em volumes aproximadamente de 0,5 a 1,5 litros.

Figura 1 – Distribuição das sementes.
Se utilizar copo plástico de 200 ml, fazer 4 furos no fundo e um rasgo lateral no fundo do copo de 1 cm, com auxílio de uma pinça com a ponta aquecida. Colocar 2 cm de areia de granulometria média e soque, e depois complete o copo com terra até atingir ¾ da altura do copo, socando até o nivelamento da terra. Concluindo distribua em cima da terra as sementes de salsão, distanciados de 0,5 a 1,0 cm, depois cubra as sementes com mais 0,5 cm de terra.
Molhe o copo com cuidado e coloque-o em local sombreado, mas com luminosidade, assim que começar a germinação das sementes, o copo pode ser colocado em local a meia sombra.
Para o plantio em vasos de muda, o procedimento é o mesmo, não esquecendo de colocar uma tela de nylon no fundo do vaso, para que a areia e a terra não vaze pelos furos do vaso.

Figura 2 – Germinação das sementes.
Depois de 15 dias do plantio as sementes as mudas começam a se desenvolver.

Figura 3 – Mudas de salsão.
Mudas depois de 49 dias do plantio, encontram-se com 5 cm de altura e 2 folhas definitivas.

Figura 4 – Vista da muda.
Como foi demasiada a concentração de sementes no vaso de mudas, além do atraso no desenvolvimento, foi necessário fazer mais um plantio intermediário para um copo plástico de 200 ml.


Figura 5 – Muda plantada no copo.
Copo preparado conforme a descrição após a Figura 1, é aberto um buraco na terra suficiente para que as folhas e os cotilédones fiquem acima no nível da terra. Regue bem e deixe em local protegido, sem incidência direta do raio solar.
Quando a folha começar a desenvolver novas folhas, pode ser levado em local mais ensolarado.


Figura 6 – Replantio das mudas para local definitivo.

Pode ser feito o replantio do copo para o vaso definitivo, quando as mudas emitirem mais 4 folhas novas.

Figura 7 – Enraizamento da muda.
A vantagem das mudas nos copos é que podem permanecer vários meses nos copos, podendo ser feitos plantios em lotes defasados, garantindo continuidade na colheita. As mudas que permanecerem nos copos, eventualmente, podem substituir as plantas que não foram bem sucedidas no replantio para o local definitivo.


Figura 8 – Desenvolvimento da planta.
Depois de 20 dias de plantio na jardineira.

2.      Colheita:

Figura 9 – Desenvolvimento da planta.
Depois de 92 dias de plantio na jardineira.

Figura 10 – Colheita.
Na horta caseira, as folhas e talos são retirados na medida da quantidade a consumir no dia. É feito um leve corte com auxílio de um canivete, no lado externo da base do talo, que facilita a retirada do talo juntamente com as folhas.
O cuidado que se deve tomar é retirar no máximo até 50 % dos talos e folhas de cada planta. Então se tiver várias plantas, melhor, porque a colheita vai ser distribuída entre as plantas.


3.      Terra para vaso e rega:
Utilize terra comprada pronta em casa especializada de horticultura ou jardinagem. Em caso de reaproveitamento de terra utilizada em cultura anterior, acrescente adubação orgânica, misturando a cada 5 litros de terra, 2 litros de adubo orgânico curtido, 1 colher de chá de NPK e ½ colher de chá de calcário, mas para esses 2 últimos produtos melhor seguir as recomendações dos fabricantes. Ideal que a terra não seja muito pesada ou seja muito argilosa, acrescentar pouco de areia de granulometria média ou grossa, podendo ser uma parte de areia para três dessa terra pesada.
Com a adubação orgânica, a terra perde menos umidade no início do replantio. Com o crescimento da planta e o consumo da matéria orgânica, a rega deve ser mais frequente.


4.      Pragas:
É comum aparecer sugadores na fase inicial do plantio, justamente nas folhas, que devem ser eliminados porque vai prejudicar o desenvolvimento das plantas. Planta ainda com pequenas quantidades de folhas, esses insetos podem ser macerados manualmente ou com auxílio de um guardanapo de papel, com auxílio de um pincel de ponta chata, cerda de dureza média, mas nesse caso deve-se colocar um pedaço de jornal ou papel toalha umedecido no vaso, e depois descartar os papeis, para que os sugadores não permaneçam no vaso e retornem às plantas. Recomenda-se observar semanalmente a parte inferior das plantas novas.
Com a planta em desenvolvimento, se detectada a infestação de inseto, será necessário borrifar, por exemplo, uma calda de fumo, calda com pimenta do reino moída com alho macerado, etc.
Pode haver ataques de sugadores na base da planta, podendo ser combatido com a calda de fumo ou mesmo retirados com auxílio de uma pinça e macerados. Se a infestação atinge as raízes, existe grande chance de perder a planta, por isso mantenha algumas mudas de reserva, para novo plantio.
Eventualmente, quando o salsão estiver desenvolvido, pode sofrer ataques de lagartos na parte onde estão nascendo as folhas novas, então borrife uma solução de Bacillus thuringiensis, controle biológico que não faz mal à saúde humana, vendido no comercio na forma de pó. Outra forma prevenir ataques de lagartos é colocar uma proteção de tela de nylon, cobrindo a planta.
Na Figura 7, principalmente nas folhas amareladas podem ser vistos sugadores, então essas folhas devem ser retiradas e descartadas, cortando-se o talo na base, com auxílio de uma tesoura pequena.


5.      Cobertura morta e adubação complementar:
Após 3 meses de plantio definitivo no vaso ou jardineira, a planta já deve estar com 20 a 30 cm de altura. Caso sua planta não esteja apresentando bom desenvolvimento, acrescente em torno de 100 a 200 ml de terra mais estrume curtido (50% cada) em volta dela, por cobertura, misturado com mais 1 colher chá de NPK e ½ colher de pó de calcário, mensalmente.
            A cobertura morta, tipo folhas de bambu ou de citronela picada, ajudam a proteger as raízes superficiais.


6.      Obtenção das mudas através de brotações laterais:
A depender da variedade do salsão e condições ambientais, o salsão pode emitir brotações laterais que podem ser aproveitados para muda.

Figura 11 – Detalhe da planta (Variedade tronchuda). 

Figura 12 – Planta após a colheita dos talos com folhas e brotações laterais.

Figura 13 – Colheita e retirada das brotações laterais.
As brotações laterais podem ser consumidas ou aproveitadas para fazer novas mudas.
Se a brotação for deixada na planta, ela vai ter o seu desenvolvimento prejudicado.

Figura 14 – Preparo das brotações para muda.
Mesmas brotações da figura anterior, onde foram eliminadas os talos e folhas inferiores.
Observe que as brotações podem apresentar raízes.

Figura 15 – Plantio das mudas.
As brotações da figura anterior plantadas em copos plásticos de 200 ml, sendo o preparo dos copos os mesmos recomendados no texto após a Figura 1.
Regue e deixe em local sombreado, mas com luminosidade. A partir do momento que ocorra o aparecimento de novas folhas, sinal que a muda vingou, as mudas devem ser levadas para local mais ensolarado.

Figura 16 – Plantas obtidas por mudas de brotação.
As mesmas mudas obtidas na Figura 13, depois de 63 dias do replantio na jardineira ou 84 dias do plantio da brotação no copo (Figura 15).
Observar que nesse caso o ganho de tempo para colheita, se comparado com o plantio através da semente é enorme.


1.      Dicas:

Para quem não dispõe de muito espaço, o salsão pode ser cultivado em vasos pequenos.

Figura 17 – Plantio do salsão em copos plásticos de 500 ml.
Plantas em copos plásticos de 500 ml, atingindo 28 cm de altura.
Salsões cultivados em jardineira, replantados na mesma época estavam com 40 cm de altura.
O preparo do copo para o replantio da muda é o mesmo dos procedimentos citados anteriormente, mas deixar a altura inicial da terra no máximo 2/3 da altura do copo (vaso), para que o copo possa receber adubação complementar.

As mudas em copos de 500 ml, apesar das limitações para o desenvolvimento das plantas, têm a vantagem da enorme em termos de mobilidade e proteção contra as pragas, porque são facilmente manipuláveis e as pragas podem ser controladas com mais facilidade.
Pode ser utilizado o copo de macarrão pronto, chamado “noodle”, com volumes idênticos e mais resistentes que os copos de plástico de 500 ml.

Figura 18 – Cultivo em jardineira de 5 litros.
Depois de 121 dias do replantio na jardineira, duas mudas obtidas de brotações.

Figura 19 – Cultivo em vaso de 5 litros.
Depois de 97 dias do replantio no vaso, 1 muda obtida de brotações.

Nas plantas das jardineira e vaso, Figura 18 e 19, algumas folhas já haviam sido colhidas para consumo.
Como as plantas nesses vasos chegam a produzir por 6 meses, no início da cultura podemos plantar algumas sementes de coentro ou rúcula, em consórcio, nas extremidades dos vasilhames.

Exemplo do salsão de raiz:

Figura 20 – Salsão de raiz.
Depois de 112 dias do replantio da muda para a jardineira, com 5 colheitas realizadas.

Salada com talos de Salsão:
No preparo do talo do salsão, para salada, principalmente com as variedades que produzem talos maiores, olhando com atenção a parte externa do talo – parte convexa –, vista em seção, é toda ondulada, sendo que o topo das ondulações é formado por filamentos ou uma fibra mais rija. Então antes de cortar o salsão em pedaços, há quem prefira retirar essas fibras, com auxílio de uma faca puxando essas fibras no sentido base para topo e vice-versa, do talo.
O modo mais simples de preparar uma salada de talos é cortando em pedaços de 2 cm de comprimento, temperados com sal ou shoyu, suco de limão ou vinagre e azeite de oliva. Se preferir acrescente o tomate cereja cortado ao meio e rúcula picada.
Esse prato apenas com salsão ou misturado com outras hortaliças combina muito bem com o nosso churrasco ou outro prato preparado com uma carne assada ou frita. A parte mais nova da planta, a central com talos e folhas mais claras, também pode ser adicionada na salada, sem necessidade de retirar as fibras externas, que ainda estão macias.

Branqueamento do Salsão:
Não é raro encontrar a venda nos mercados o salsão branqueado, dando para notar que as folhas perdem a coloração verde. Plantadas em covas profundas, antes da colheita são amarradas as folhas, envoltas ou não com saco plástico e cobertas de terra. 

7 comentários:

  1. Olá Massahiro! Excelente matéria!!! Só tenho uma dúvida, aqui no nordeste, precisamente em pernambuco, qual é a época do ano para se plantar o aipo? é possível cultivar mesmo no verão? valeu!

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  2. Eloiza:
    Obrigado pelo acesso ao nosso blog.
    Acreditamos que é possível plantar o salsão o ano todo, aqui no Nordeste do Brasil. Temos registros de plantios desde dez até abr, todos com sucesso.
    Planta resistente, efetuando colheitas apenas dos talos e folhas, seu ciclo estende por mais de um ano, cultivada em vasos e jardineiras.
    Sds,
    Massahiro.

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  3. Adorei seu post. Tenho um q comprei já pegadinho, passei prá um vaso bem grande, ele tá enorme, e virou o orgulho da minha hortinha rsrs. Com suas dicas vai ficar mais bonito ainda. Obrigada.

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    1. Arteficistuca:
      Obrigado por acessar o blog. O salsão faz parte da lista de hortaliças permanentes na nossa horta.

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  4. Ola
    ótima matéria
    onde poderia encontrar as sementes de salsão de raiz?
    poderia me dizer onde encontrar sementes de salsa raiz?
    Grata

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    1. Dragica:
      Adquirimos as sementes de salsão de raiz, na Sementes Sakama Ltda, tel. (11) 3831-30044, vendas@sementesakama.com.br.
      Os pedidos devem ser feitos via telefone.
      Sds,
      Massahiro.

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