A couve chinesa Saishin é mais apreciada
nos pratos orientais. Pode ser preparada crua, refogada, cozida ou passada no
vapor, aproveitando também seus talos.
Trata-se de uma verdura ainda pouco consumida no Brasil. Apresenta
certa semelhança, no paladar, com as couves Chingensai e Hakussai, a diferença
da Saishin é que ela apresenta uma leve ardência e uma floração precoce.
Iniciamos seu cultivo por curiosidade, pois nunca havíamos
provado essa verdura. Como a maioria das verduras família das Brassicaceae, está sujeita ao ataque de
pulgões, mas notamos que essa verdura é bastante resistente.
Plantas obtidas com as sementes plantadas
em copos plásticos de 200 ml.
Sobre a Saishin, do pouco que
conhecemos, ela é comercializada em maços, no Japão, com diversas hastes amarradas
juntas, com um visual bonito, pois os talos são colhidos de forma que, no dia
da comercialização, as flores se abrem.
Os tratos para o cultivo da couve Saishin
são semelhantes aos da couve Chingensai, apenas exigindo espaço maior entre as
plantas, porque as folhas da Saishin são bem maiores que as da Chingensai. Está
na lista das nossas verduras preferidas, no cultivo em vasos ou jardineiras,
pela sua precocidade e resistência às pragas.
Vamos ao
cultivo da Saishin:
1.
Plantio:
1.1 Plantio
das sementes em jardineiras:
Recomenda-se
iniciar o plantio das sementes em uma jardineira de 7,5 até 12 litros de
capacidade, aproximadamente, visando consumo doméstico, porque esses vasilhames
com são fáceis de manejar e transportar. Por exemplo, a jardineira pequena pode ter o seu posicionamento alterado em 180 graus, semanalmente, para que as plantas recebam uma insolação melhor distribuída.
As
sementes devem ser plantadas em linha, pois facilita o trato cultural. Nas
jardineiras menores, uma fila, com as sementes distanciadas entre si de 2 cm, e
nas jardineiras maiores, duas filas, sendo o distanciamento entre filas de 10
cm.
Depois de
5 dias de plantio. A germinação iniciou no 3º dia.
O
raleamento pode ser iniciado, pois as plantas ficaram muito próximas.
Se as
sementes estiverem protegidas com defensivos, não se recomenda consumir as
mudas muito novas, por exemplo como a ilustração anterior, quando a planta
apresenta apenas o cotilédone.
O
sulco das sementes pode ter 0,5 cm de profundidade, depois cobertas com terra,
ou no caso de lançar as sementes sobre a terra, cobrir com 0,5 cm de terra e
socar levemente.
1.2 Plantio
das sementes em copos:
O cultivo
pode ser iniciado com o plantio das sementes em copos plásticos de 180 ou 200 ml, para
posteriormente as mudas serem replantadas em vasos ou jardineiras.
Se plantar
4 sementes em cada copo, todas as mudas juntas poderão ser replantadas em local
definitivo, vaso ou jardineira, preservando-se a terra do copo.
Não há
necessidade de efetuar o raleamento, pois uma das plantas pode sobressair sobre
as outras, mas colhendo essa planta, uma outra toma o seu lugar, como pode ser
visto nas Figuras 1, 9 e 15.
Mudas
depois de 24 dias do plantio das sementes, em copo, com 6 cm de altura.
Se plantar mais de 4 sementes por copo, o excedente de mudas podem ser replantado em outros copos.
Se plantar mais de 4 sementes por copo, o excedente de mudas podem ser replantado em outros copos.
2.
Raleamento das mudas:
O
raleamento das mudas é uma prática comum, no cultivo das verduras, para deixar
algumas plantas a serem colhidas com porte maior. Então essas plantas raleadas poderão
ser consumidas, como “baby leaf”, e outra parte aproveitadas para mudas a serem
replantadas em outros vasilhames.
As plantas
poderão retiradas para consumo, com auxílio de uma tesoura, cortando a planta
na base.
Para o
consumo caseiro, o raleamento pode ser terminado quando as mudas estiverem em
torno de 10 cm de distância, entre si.
Plantas com 8 cm de altura, depois de 12 dias
de plantio das sementes.
Pode ser iniciado o raleamento, tanto para
consumo ou para replantio em copos ou em outra jardineira.
3.
Preparo de mudas e replantio:
Se parte
das mudas de raleamento for utilizada para replantio, recomendável que as mudas
apresentem no mínimo 4 folhas definitivas. Com auxílio de uma faca pequena com
ponta afilada, retira-se a muda com um pouco de torrão de terra, levando para o
local definitivo (vasos ou jardineiras) ou, temporariamente, em copos plásticos
de 200 ml.
Se as
mudas estiverem muito próximas, elas podem ser arrancadas juntamente com
raízes, com cuidado, com a terra bem umedecida. Essa couve aceita bem o
replantio, desde que as mudas replantadas não sejam expostas muito ao sol, de
início.
Após 9 dias do replantio da muda, da jardineira para o copo. Plantas com apenas 2 folhas
definitivas.
Para o
replantio direto, da jardineira de mudas obtidas por sementes para outra
jardineira, as mudas devem ficar distanciadas pelo menos 10 cm, entre si.
Providenciar rega diária de água e o novo vasilhame deve receber proteção contra
o sol direto nas plantas, com pedaço de tela de nylon, sombrite ou até mesmo um
pedaço de folha de jornal - essa tela pode ser apoiada em espetinhos de bambu ou hashis com auxílio de pregadores de roupa para varal -, ou o vasilhame transferido para local mais
sombreado, com luminosidade, pelo menos 5 a 10 dias, até que se constate o
pegamento das plantas (desenvolvimento de novas folhas).
Para o
replantio em copo, as mesmas recomendações dos parágrafos anteriores. A
desvantagem da muda levada no copo é que deverá passar por um novo replantio
para vaso ou jardineira de forma definitiva, demandando mais tempo para
colheita, mas a vantagem é que no replantio do copo para vaso ou jardineira,
praticamente não existe perda, principalmente no nosso clima do nordeste
brasileiro.
Outra vantagem da muda em copo é que duram meses, quase sem desenvolvimento, devido ao espaço limitado, então essas mudas podem ser replantadas gradativamente, obtendo-se colheitas com melhor distribuição no tempo.
Na mesma
jardineira de 7,5 litros, a couve Chingensai na frente e a Saishin atrás.
Como a Saishin
apresenta folhas mais desenvolvidas, está sombreando e sufocando as Chingensai.
4.
Colheitas:
Como foi
dito nos itens anteriores, a colheita já se inicia no raleamento das plantas,
que podem ser consumidas cruas como salada.
As plantas
maiores deverão ser colhidas, cortando-se o tronco na base, com auxílio de uma
tesoura de poda ou um canivete, evitando de puxar a planta com as raízes, senão
pode ocorrer prejuízo as outras plantas remanescentes.
Colheita efetuada de uma das plantas da Figura 6, depois de 26 dias do
replantio.
Planta não se desenvolveu tanto, devido à concorrência com outras
plantas e a jardineira com volume limitado.
Replantada com espaçamento maior, em jardineira de 30 litros, as folhas
atingem 40 cm de comprimento e 20 cm de largura.
Na ocasião
da colheita, as brotações, na parte inferior da planta, já estavam bem
desenvolvidas.
5.
Preparo do vaso e terra:
O vaso ou
a jardineira deverá ter seus furos cobertos com pedaço de tela de nylon ou
sombrite, a seguir com 3 cm de areia de granulometria média ou grossa socada,
finalmente completado com terra até atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
Os copos
plásticos, de 200 ml, para mudas deverão receber 4 furos no fundo e um rasgo
lateral no fundo de 2 cm, feitos com auxílio de uma pinça – de ponta curva -
aquecida. Depois 2 cm de areia socada no fundo e completada com terra até
atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
A terra
pode ser adquirida pronta nas lojas de jardinagem ou horticultura. Se for
aproveitar alguma terra de cultura anterior, adicionar em torno de 30% em
volume de adubo orgânico curtido, mais 1 colher de sopa de NPK e 0,5 colher de
calcário moído, para cada 10 litros de terra, mas é interessante seguir a
recomendação dos fabricantes para esses dois últimos produtos.
Quem for
utilizar a terra de barranco – terra com argila e areia, sem nenhum trato -,
misturar com adubo orgânico curtido na proporção 50% cada, mais as proporções
de NPK e calcário, citadas anteriormente.
6.
Cobertura morta e adubação complementar:
A
cobertura morta, com folhas picadas de citronela, folhas de bambu, vermiculita
e etc, pode ser dispensada, mas pode ser feita quando verificamos o desenvolvimento
de algas na jardineira ou em períodos muitos secos, essa cobertura minimiza a
evaporação da água de rega.
A
adubação complementar com terra e adubo orgânico curtido pode ser feita em caso
de observar que as plantas estão com desenvolvimento lento, com auxílio de uma
espátula, coloque a mistura, por exemplo, 200 ml em cada um dos lados da
fileira de plantas, para uma jardineira de 7,5 litros.
As plantas
que permanecerem após os raleamentos, a adubação complementar pode ser feita em
volta de cada planta.
Em caso de
aplicar NPK esse produto não deve ser aplicado muito próximo ao tronco das plantas.
Pode ser colocado, em cada lado da fileira de plantas, de uma jardineira de 7,5
litros, ½ colher de sopa de NPK, mas para utilizar esse produto melhor
consultar a recomendação do fabricante.
7.
Pragas:
A praga
mais comum na Saishin deve ser o pulgão. A presença de formigas nos vasos e nas
plantas é um bom sinal para indicar a presença do pulgão.
Quando é
pequena a quantidade de pulgões, poderão ser macerados com os dedos. Se a
infestação for grande, vire o vaso ou a jardineira e utilize um pincel para
derrubar o inseto fora do vasilhame, que pode ser um pedaço de jornal molhado
com água sanitária ou aplicado o desinfetando diretamente no piso.
Como a Saishin
apresenta talos longos, os pulgões se fixam mais nas folhas novas e na parte da
junção da folha com o talo.
Pode
ocorrer ataque de lagartas nas folhas, que facilmente podem ser retiradas. Se
colocar uma proteção com pedaço de tela de nylon ou sombrite, na jardineira ou
vaso, minimiza o ataque de pragas.
8.
Dicas:
A couve
chinesa Saishin, depois de 30 dias do replantio, já pode apresentar os botões
florais.
As flores abertas podem ser utilizadas na decoração de pratos ou
consumidas juntamente com as folhas e os talos.
Algumas
plantas podem apresentar brotações bem desenvolvidas no ramo principal, como a
figura a seguir, mas nesse caso a floração principal pode ser pífia.
Essas brotações laterais também irão apresentar florações, o que
inviabiliza obtenção de mudas, como fizemos para outras verduras apresentadas
nesse blog.
Brotações laterais apresentadas na Figura 9.
A ponteira do ramo principal da Figura 12, após a colheita.
Então como foi dito, as
mudas obtidas de sementes plantadas em copos, Figura 3, após a colheita da
planta maior, uma das menores toma seu lugar. Observar na Figura 9 que tem uma
planta no lado esquerdo da planta colhida, depois de 8 dias, foi colhida essa
planta da esquerda, conforme ilustração abaixo:
Folhas com 38 cm de comprimento.
Nesse caso não foi aguardada a floração.
Depois de cada colheita espalhe em torno das plantas remanescentes, em
torno de 200 ml de terra adubada ou 100 ml de húmus de minhoca.
As mesmas
receitas sugeridas para a Hakussai e a Chingensai, podem ser aplicadas a Saishin.
Nas
colheitas de plantas maiores, como apresentada na figura 8, as folhas podem ser
consumidas cruas ou refogadas, como se faz com a couve manteiga, e os talos
podem ser consumidos cortados em fatias finas e temperadas a gosto, como se faz
com os talos do salsão. Se os talos já estiverem rijos, melhor consumir nos pratos
cozidos.
Essa verdura pode ser
refogada, no azeite de oliva misturada com uma pequena porção de óleo de gergelim,
com as folhas, talos cortados em pedaços de 2 a 3 cm, e as flores separadas,
para cobrir o refogado no prato que será servido. Quando o refogamento estiver
no seu gosto acrescente uma mistura de 1 colher de sopa de shoyu, 1 colher de sake
mirim ou vinho e ½ sache ou envelope de alga kombu em pó. Ainda com a panela no
fogo experimente o tempero, que pode ser alterado a seu gosto. Se preferir
utilizar carne, corte-a em pedaços e frite antes de adicionar a verdura na
panela.