Mudas de brotações
Para quem cultiva o almeirão em casa, dificilmente vai
faltar uma salada em sua mesa.
O Cultivo do Almeirão foi a nossa primeira postagem no blog. A
verdura mais cultivada em nossa horta, pela sua rusticidade e apresentar uma
boa produção em vaso ou jardineira, enriquecendo nossa mesa com fibras, vitaminas
e minerais. Alguns almeirões podem ser conhecidos como chicórias, porque fazem
parte da mesma família.
Nesta nova postagem sobre o almeirão, apresentamos a obtenção
de mudas do almeirão, através de suas brotações, assunto de interesse para quem
tem uma pequena horta. Aproveitamos essa publicação para acrescentar outras
informações, pois a postagem original deixou a desejar em alguns aspectos.
Quando se cultiva o almeirão numa jardineira, com plantas
originárias de um mesmo lote de sementes, observa-se que algumas plantas são
mais precoces com relação a emissão de suas brotações laterais, no aparecimento
da haste de floração ou com um conjunto de folhas mais desenvolvidas do que as
outras plantas. A observação entre as diferenças, pode ajudar na escolha das
plantas que se deseja multiplicar.
O almeirão pode ser facilmente multiplicado através de suas
brotações, pois no espaço entre as folhas, no caule existe uma gema, que pode desenvolver
um broto ou rebento. Essa brotação pode ser obtida de uma planta que emite os
brotos precocemente ou estimulada, conforme os exemplos a seguir:
Figura 1 – Brotação precoce do almeirão catalonha. |
As brotações já estão despontando,
ainda na fase inicial do desenvolvimento da planta.
Figura 2 – Almeirão pão de açucar. |
As brotações dessas plantas serão estimuladas.
Figura 3 – Almeirão após colheita. |
As folhas e os talos, das plantas da
figura anterior, com auxílio de uma faca, foram colhidos, para consumo.
O corte não deve ser demasiadamente
em baixo, mas deixando alguns pedaços de talos (gemas), no tronco. Na planta da
direita, ficaram mais visíveis os pedaços de talos.
Figura 4 – Brotação estimulada do pão de açucar. |
Depois de 10 dias do corte, as
plantas da Figura 3, desenvolveram brotações.
Figura 5 – Desenvolvimento das brotações. |
Depois de 29 dias, da poda
apresentada na Figura 3.
Então a partir das plantas podadas,
diversas brotações são emitidas, podendo ser consumidas e também aproveitadas
para mudas.
As folhas estão bem macias, sem
necessidade de refogar, ao contrário das folhas da Figura 2 que foram
consumidas refogadas.
Além das brotações originárias das gemas, algumas plantas
emitem brotações pelas raízes, isto é, se comportam como fossem rizomas,
conforme ilustração a seguir.
Figura 6 – Brotações do almeirão pelas raízes. |
Podem ser consumidas e também aproveitadas
para fazer mudas.
Além do almeirão catalonha e pão de açúcar, apresentamos fotos
de outras variedades de almeirão que já cultivamos em vasos ou jardineiras:
Figura 7 – Almeirão radiche. |
Jardineira de 5 litros.
Figura 8 – Almeirão spadona. |
Vaso de 5 litros.
Figura 9 – Almeirão de cabeça vermelho. |
Jardineira de 5 litros.
Apesar do nome, as folhas são verdes,
não sabemos se é devido as sementes ou se devido ao clima.
Figura 10 – Chicória pendão de galatina. |
Jardineira média de 12 litros.
Muito parecida com o almeirão catalunha,
diferindo apenas na haste floral, sendo que a galatina tem uma haste com
diâmetro bem maior.
Vamos a produção de mudas de
brotações:
1. Preparo e plantio da muda:
Pode ser aproveitada para muda, qualquer brotação do
almeirão, desde que sua parte inferior, no contato com o caule, já apresente alguma
rigidez. A porção superior das folhas, pode ser aproveitada para o consumo.
Recomenda-se colher a muda, quando tiver no mínimo entre 4 a
6 folhas. Com auxílio de um canivete ou uma faca pequena, a brotação deverá ser
retirada no contato talo da folha com o tronco principal.
Figura 11 – Colheita das brotações. |
Figura 12 – Brotações
preparadas para o plantio.
|
São
deixadas apenas as folhas novas, sendo que as folhas antigas podem ser
consumidas. Observe que parte dos talos das folhas antigas devem ser
preservadas.
Recomenda-se
deixar essa brotação tratada, num vasilhame com água suficiente para cobrir a
parte que vai ficar enterrada, uns 2 cm de nível, durante 3 dias, em seguida
levar para o plantio.
O plantio
das brotações pode ser feito em vaso ou jardineira, de modo definitivo, ou em
copos plásticos de 200 ml.
Figura 13 – Plantio das brotações em copos. |
Plantio em
copos de 200 ml, com furos para drenagem da água e aeração.
O nível da
terra no copo deve chegar pelo menos a 50% da altura do copo ou um pouco mais,
depois de socado.
As mudas
são inseridas na terra do copo até o início do talo das folhas, em torno de 2
cm de profundidade, podendo ser amparadas com um palito, se apresentarem algum
tombamento após a rega.
Tanto no plantio direto para vaso ou
jardineira, como em copos, recomenda-se que a brotação plantada não receba sol
direto. Depois de 15 dias de plantio as mudas podem ficar expostas diretamente
aos raios solares.
2. Replantio a partir do copo:
As mudas feitas em copo, depois de 30
dias do plantio, podem ser levadas para o vasilhame em definitivo, enquanto que
as mudas não aproveitadas, podem ainda permanecer nos copos, por alguns meses,
pois no ambiente limitado, elas se desenvolvem pouco, podendo ser utilizadas
para replantios futuros.
Figura 14 – Replantio do copo para jardineira. |
Almeirão
pão de açúcar na jardineira de 7,5 litros.
Figura 15 – Desenvolvimento na jardineira. |
Jardineira
na parte superior da figura, é resultado do replantio da Figura 14, na parte
inferior é a jardineira onde o cultivo foi iniciado com o plantio das sementes.
Depois de 24
dias do replantio para a jardineira superior. Notar que os almeirões do
replantio estão maiores, devido menor concorrência entre as plantas.
Figura 16 – Colheita de raleamento. |
Foram
colhidas 2 plantas da jardineira, de ordem par, da jardineira superior, da
Figura 15.
3. Distribuição das brotações no plantio
ou mudas no replantio:
No plantio ou replantio, em local
definitivo, a quantidade de mudas depende do volume do vasilhame ou variedade
do almeirão.
Por exemplo numa
jardineira pequena, com capacidade em torno de 7,5 litros, para as variedades
de folhas finas, como a catalonha, radiche ou spadona, recomenda--se deixar,
depois do raleamento final, 5 mudas, enquanto para as variedades mais robustas
deve se limitar, no final, ao máximo de 3 plantas, como a pão de açúcar e a
repolhuda.
Mas no replantio do copo
para jardineira, com relação a densidade de plantas do parágrafo anterior, podemos
plantar 9 mudas e 5 mudas, desde que as plantas de ordem par sejam cortadas
(não arrancadas) precocemente, isto é, quando as folhas das plantas começarem a
entrelaçar entre si, visto nas Figura 15 e 16.
Na jardineira média, com
capacidade em torno de 12 litros, os almeirões podem ser cultivados em duas
fileiras, mas a plantas devem ficar alternadas entre as fileiras, isto é
nenhuma planta fique encostada com a planta da fileira vizinha.
4. Colheita:
Após o replantio, depois de duas
semanas, algumas folhas podem ser colhidas, preferencialmente a partir das
folhas inferiores (Figura 1). Para se evitar danos à planta, na hora da
colheita, pode ser feito um pequeno corte na base do talo da folha, segurar a
planta e puxar a folha a ser colhida, lateralmente.
Figura 17 – Colheita. |
A colheita da planta apresentada na
Figura 1.
Folhas com 30 cm.
5. Preparo dos vaso e jardineiras:
O vaso ou a jardineira deverá ter
seus furos cobertos com pedaço de tela de nylon ou sombrite, a seguir com 3 cm
de areia de granulometria média ou grossa socada, finalmente completado com
terra até atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
Os copos plásticos, de 200 ml, para
mudas deverão receber 4 furos no fundo e um rasgo lateral no fundo de 2 cm,
feitos com auxílio de uma pinça – de ponta curva - aquecida. Depois 2 cm de
areia socada no fundo e completada com terra até atingir 2/3 a ¾ de sua altura.
A terra pode ser adquirida pronta nas
lojas de floricultura ou horticultura. Se for aproveitar alguma terra de
cultura anterior, adicionar em torno de 30% em volume de adubo orgânico
curtido, mais 1 colher de sopa de NPK e 0,5 colher de calcário moído, para cada
10 litros de terra, mas é interessante seguir a recomendação dos fabricantes
para esses dois últimos produtos.
Quem for utilizar a terra de barranco
– terra com argila e areia, sem nenhum trato, misturar com adubo orgânico
curtido na proporção 50% cada, mais as proporções de NPK e calcário, citadas
anteriormente.
6. Cobertura morta e adubação
complementar:
Depois do plantio ou replantio, o
espaço livre entre as plantas pode ser coberto com folhas secas de bambu,
folhas de citronela picadas, etc, o que evita desenvolvimento de ervas
invasoras, desenvolvimento de algas, protege as raízes e evita que as folhas
fiquem sujas de terra, com a água de chuva.
A adubação complementar deve ser
feita quando notar que as plantas estão com desenvolvimento lento, após da
colheita das folhas ou da poda. A jardineira deve receber em torno de 2 cm de
mistura de terra misturado com adubo orgânico curtido (50%).
7. Pragas:
O almeirão talvez seja a planta menos
suscetível a pragas, das verduras que cultivamos em casa.
As pragas mais comuns nos almeirões
são os insetos sugadores como os pulgões e cochonilhas. Semanalmente as plantas
devem ser observadas, um bom indicador da presença de sugadores, é a presença
de formigas nas plantas e nos vasos.
As cochonilhas poderão ser retiradas
com auxílio de um pincel de ponta chata, com cerda de dureza média, com o
vasilhame inclinado, para que os insetos não caiam dentro do vasilhame.
Os pulgões podem se instalar na parte
onde estão brotando as folhas novas, dificultando a eliminação. Um jato fino
(spray) de água aplicado na rega, na região infestada pelo sugador, dificulta a
proliferação da praga. Outra solução é aplicar calda a base de pimenta e alho
(ver na internet). Só não recomendamos a calda de fumo, porque as folhas serão
consumidas.
As folhas secas de nim,
colocadas na base da planta, pode ser uma maneira de repelir os insetos
sugadores.
8. Dicas:
Observamos na internet uma grande
quantidade de receitas do almeirão refogado, possivelmente porque essa verdura
tem os talos e folhas mais rijas comparando-se à alface - nossa verdura padrão
de salada crua - ou para diminuir o amargor do almeirão.
Para quem preferir a salada crua do
almeirão, pode cultivar essa planta de 2 maneiras:
I.
Cultivo das plantas em jardineiras, visando a colheita de plantas novas:
Plantio direto de
sementes numa jardineira.
Figura 18 – Mudas do almeirão folha larga. |
Jardineira
de 7,5 litros, 37 dias após o plantio das sementes.
As
colheitas (raleamento) podem ser feitas em etapas, para consumo, de modo que no
final permaneçam apenas poucas plantas.
Figura 19 – Plantas depois do raleamento final. |
Mesma
jardineira da Figura 18, depois de 5 meses.
Quando
restar apenas 4 plantas, são colhidas apenas as folhas.
II.
Colheita das brotações novas:
Como na sequência das
Figuras 3, 4 e 5, sendo a poda inicial cortando a planta na base, mas nas podas
subsequentes sempre deve ser deixada uma brotação com folhas, para que a planta
não venha a definhar.
Figura 20 – Brotação preservada. |
No exemplo pode ser observado que 3 brotações foram colhidas para
consumo.
Flores do almeirão:
As flores do almeirão podem
consumidas como saladas ou servem para ornamentar pratos. Existem diversas
receitas, na internet, sobre as flores dessa planta.
Figura 21 – Flor do almeirão. |
Todos almeirões de cultivamos
apresentaram flores com tonalidade azul.
Depois de iniciada a floração, com
duração em torno de 2 meses, centenas de flores, gradativamente, são produzidas.
Para quem deseja cultivar o almeirão
com objetivo de colher as flores, a seleção das brotações das plantas que
emitem precocemente as hastes florais pode ser uma opção interessante.
Figura 22 – Almeirão com haste floral. |
Para obtenção de mudas, logo no
início do aparecimento da haste floral, a planta deve ser podada na base do
tronco, com cuidado de deixar alguns pedaços de talos de folhas (Figuras 3 e 4),
daí as gemas desenvolvem as novas brotações para mudas. Se a haste principal –
que chega a atingir 2 m de altura, no almeirão - não for logo podada, as gemas
se desenvolvem como hastes florais secundárias.