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segunda-feira, 8 de julho de 2013

O Inhame Tororó


O tororó que me refiro não é daquele da música “Eu fui no Tororó beber água não achei...”. Tororó me faz voltar ao passado, quando a minha avó colhia o inhame tororó, no quintal, e ralava o tororó cru, para a gente comer misturado com arroz, bem quente, e shoyu.

O inhame que consumimos no Nordeste e o tororó são plantas da mesma família (Dioscoreaceae); o inhame em São Paulo era conhecido como cará. O taro, planta de outra família (Araceae), em São Paulo, era conhecido por inhame. Devido essa confusão toda sobre os nomes populares dessas plantas, em 2001, no I Simpósio Nacional de Sobre as Culturas do Inhame e do Cará, foi aprovada uma resolução visando a padronização desses nomes. Pesquisando a internet, ainda podemos observar que a confusão das nomenclaturas continua.

Então vamos apresentar a ilustração dos tubérculos do inhame e dos cormos do taro:

Figura 1 – Inhame (tubérculo): tororó à esquerda e outra variedade à direita.
 
O inhame consumido no Nordeste (à direita da figura acima) é um pouco mais claro que o tororó (à esquerda); ambas são plantas trepadeiras.
 
Figura 2 – Outros inhames. 

O inhame da foto do lado esquerdo e o que está em cima dos outros na foto da direita é também consumido no Nordeste, conhecido popularmente como cará inhame ou inhame de São Tomé: sinta a confusão (nomenclaturas fora da padronização)!

Figura 3 – Taro (à esquerda) e seus cormos (à direita).
 
O taro é uma planta da mesma família da taioba.

O inhame é alimento rico em vitaminas do complexo B, carboidratos e amido. Assuntos relacionados sobre os benefícios do inhame são encontrados em diversas postagens na rede, entre elas, a prevenção com relação a dengue. Essa prevenção seria externamente, repelindo o mosquito, e internamente, aumentando a defesa do organismo.

A utilização do chá da casca do inhame ou do taro como um indutor de ovulação é outro assunto também muito comentado na internet: teria resultado alimentar as aves de postura com inhame?

Trata-se de um alimento saudável, porque a infestação de pragas é baixa, quase não requerendo uso de defensivos.

O hábito de consumir o inhame, principalmente no Nordeste, corre o risco de ser substituído pelo consumo de alimentos industrializados. Esta já é uma realidade detectada no consumo do nosso tradicional arroz com feijão.

Dicas e Curiosidades


As diferenças observadas no inhame tororó que cultivo, comprado no Mercado Municipal de Curitiba, em relação ao inhame consumido no Nordeste: o tororó tem a casca mais escura, mais pilosa e apresenta muitos tubérculos secundários na colheita; quanto a parte aérea, o inhame do Nordeste tem as folhas mais escuras e ramos mais fibrosos, ou seja, aparenta ser uma planta mais rústica e possivelmente mais adaptado ao clima.

Figura 4 – Apresentação da planta do inhame do Nordeste (à esquerda) e tororó (à direita).

Observe que o inhame do Nordeste apresenta esporões para fixação dos ramos, enquanto o tororó, no lado direito, não tem esses esporões. O ramo do tororó secionado tem formato quadrangular.

O tororó apresenta os ramos retorcidos, devido movimento helicoidal para fixar seus ramos, por não apresentar esporões.

O cará inhame ou inhame de São Tomé também não apresenta esporões em seus ramos, então mais semelhante ao tororó.

Conversando com feirante produtor ele disse que a diferença entre o cará inhame e o outro inhame consumido no Nordeste é que o cará inhame tem mais “baba” que o inhame com espinho (esporões no ramo).

O que observei na TV japonesa é que no Japão o tororó é também chamado de nagaimo, literalmente batata longa (naga = longa e imo = batata), é realmente longa, podendo chegar a 1 m de comprimento e com diâmetro em torno de 10 cm.

Uma coisa que ainda me intriga é que o tororó que minha avó cultivava tinha uma casca bem clara, como a casca do nagaimo, mas era mais curta e mais arredondada, as folhas e os ramos tinham coloração verde, bem clara. Esse tororó também produzia sementes aéreas (pequenos tubérculos brancos). O inhame-do-ar, tubérculos que algumas vezes encontrei em supermercados, também são sementes aéreas, colhidas para consumo.

Para retirar a casca do inhame, existem pessoas que reclamam que dá coceira nas mãos, então utilize luvas de plásticos descartáveis.

O inhame tororó menor, em torno de 10 cm, pode ser cozido sem descascar, apenas lave bem com uma escovinha, retirando a casca apenas na hora de consumir.

Aqui Nordeste, o inhame é descascado e fatiado com espessura de 2-3 cm e depois cozido em água quente, então é consumido no café da manhã ou no jantar, acompanhado de ovos, queijo de coalho ou carne, muitas vezes com a carne de sol. O inhame tororó pode ser consumido da mesma forma como o inhame do Nordeste.

Particularmente eu aprecio o tororó cru, ralado, misturado ao tradicional arroz com feijão. Existem diversas receitas interessantes, para pratos mais elaborados, com tororó, na internet.

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O Cultivo Zen te inspirou a iniciar o plantio de alguma hortaliça? Já tem uma horta em casa e cultiva outras plantas? Mande suas fotos para cultivozen@gmail.com, pois algumas serão selecionadas e postadas, dando crédito aos seus respectivos autores.

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