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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Cultivo da Couve Komatsuna




Trata-se de uma verdura rica em vitaminas e minerais, com destaque a vitamina C, ferro e cálcio, muito apreciada no Japão e países vizinhos, utilizada em diversos tipos de pratos, podendo ser consumida crua como salada ou em forma de conservas, refogada, passada no vapor ou cozida. A Komatsuna, o horenso, a hakussai e o repolho devem ser as verduras mais consumidas no Japão.
Iniciamos o cultivo dessa verdura em casa, porque aqui em Aracaju-SE não existe oferta desse produto. Constatamos que a Komatsuna pode ser cultivada em vasos ou jardineiras pequenas.
Então além de ser nutritiva, com opções diversas na culinária, por exemplo no yakisoba combina bem, trata-se de uma verdura com ciclo curto do plantio à colheita e resistente as pragas.

Figura 1 – Komatsuna.
Planta com 38 cm de altura, cultivada numa jardineira de 30 litros.
Depois de 37 dias de replantio de copo para jardineira.

Como apresenta talos longos e folhas bem desenvolvidas, principalmente as variedades com as folhas verdes: Hakata e Wakana, se assemelham com a couve chinesa Saishin. Existe também a Komatsuna Beni, de folhas com a coloração roxa, menor que as variedades de coloração verde.

Figura 2 – Komatsuna Beni.
Planta com 16 cm de altura, com 36 dias de replantio numa jardineira de 7,5 litros.

Algumas publicações na internet tratam a Komatsuna como mostarda ou espinafre, mas essa planta não apresenta a ardência da mostarda e suas sementes nada se assemelham com as do espinafre japonês Horenso.

Vamos ao cultivo da Komatsuna:
1.    Plantio:
As sementes podem ser plantadas diretamente nas jardineiras ou em copos de 200 ml.
1.1 Plantio em jardineiras:
O plantio diretamente em jardineira, por exemplo de 7,5 a 12 litros, tem a vantagem de iniciar a colheita precocemente, consumindo as plantas novas (“baby leaf”), sendo que nessa fase inicial algumas mudas podem replantadas em copos, preservando essas mudas em copos, para replantios futuro.
O plantio pode ser feito, em uma fila central na jardineira, distanciando as sementes em 2 cm entre si.

Figura 3 – Mudas.
Jardineira de 7,5 litros.
Após 9 dias de plantio das sementes, mudas com 5 cm de altura.
O plantio foi feito com menos de 1 cm entre as sementes, então foram raleadas.

Figura 4 – Mudas após o 1º raleamento.


1.2 Plantio em copos:
O plantio das sementes diretamente em copos visa o replantio posterior das mudas para vasos ou jardineiras. Em copos plásticos de 150 a 200 ml, podem ser plantadas de 3 a 4 sementes.

Figura 5 – Plantio em copos.
Depois de 17 dias de plantio das sementes, 4 sementes em cada copo.
A taxa de germinação foi baixa.


2.    Raleamento das mudas:
No cultivo das verduras em escala comercial, as sementes geralmente são plantadas em bandejas de mudas, para posterior replantio das mudas formadas em local definitivo, com um distanciamento para que as plantas desenvolvam, no tamanho ideal programado para comercialização, em menor tempo possível.
Quando praticamos a horticultura caseira, em vasos ou jardineiras, podemos plantar as sementes mais próximas entre si, já visando o consumo de plantas novas, raleadas. Os raleamentos são feitos de modo a deixar uma distância uniforme entre as plantas, para que no final as plantas fiquem distanciadas pelo menos em torno de 10 cm entre elas.


3.    Preparo das mudas em copos e replantio:
Tanto as mudas obtidas do plantio das sementes diretamente em copos ou nas jardineiras, podem ser replantadas em copos e depois levadas para outro vasilhame, em definitivo.

Figura 6 – Replantio em copo.
Vista de uma muda com 7 cm altura, sementes inicialmente plantadas em jardineira de 7,5 litros.
Depois de 14 dias do plantio das sementes.

Figura 7 – Muda replantada.
Mesma muda da figura anterior. Muda com 2 folhas definitivas.
Observar que foi enterrado a metade do tronco na terra do copo, para que não ocorra o tombamento da muda. Quando se cultiva no chão, os agricultores chamam de amontoa de terra, para evitar o tombamento das mudas.
A maioria das couves, família das Brassicaceae, se adaptam bem no replantio feito nos copos, mesmo na fase que apresentam apenas os cotilédones - despontando as primeiras folhas. Esse tipo de procedimento é viável apenas para os cultivos caseiros e pequenas hortas comunitárias, porque em culturas extensivas ninguém vai ficar preocupado em reaproveitar mudas.


4.    Colheitas:
Tratando-se de uma verdura precoce, não compensa estender o tempo da colheita, pois seus talos tendem a ficar enrijecidos.
Para se consumir essa verdura crua, como salada – no cultivo em vasos ou jardineiras -, ela deve ser colhida após 20 a 30 dias do plantio ou replantio, quando ela se desenvolve até entre 20 a 30 cm de altura.

Figura 8 – Plantas desenvolvidas.
As plantas que permaneceram nas jardineiras, depois de 39 dias do plantio das sementes, com 25 cm de altura.

Figura 9 – Colheita.
Plantas da figura anterior colhidas.
Devido concorrência na jardineira de 7,5 litros, as folhas e os talos não ficam muito encorpados.

Figura 10 – Colheita da Komatsuna Wakana.
Depois de 28 dias do replantio do copo (Figura 7) para a jardineira de 30 litros, a planta maior com 40 cm de altura.
Observar a diferença das plantas que permaneceram na jardineira de 7,5 litros (Figura 9), com a replantada em copo e depois na jardineira de 30 litros (Figura 10).


5.    Preparo do vasilhame de plantio e terra:
Tanto nos vasos ou jardineiras, o fundo deve ser coberto com um pedaço de tela de nylon ou sombrite, acrescentado em torno de 3 cm de areia socada, para posteriormente cobrir com terra adubada, atingindo 2/3 da altura do vasilhame.
No caso do plantio das sementes ou replantio de mudas raleadas em copos plásticos de 150 a 200 ml, preparar esses copos com pelo menos 4 furos no fundo e um rasgo lateral no fundo de 1 a 2 cm, para depois cobrir com 1 a 2 cm de areia socada e mais terra, completando de 2/3 a ¾ da altura do copo.
A terra pode ser adquirida em casas de horticultura ou floricultura. Se for aproveitada terra de cultivo anterior, acrescentar em torno de 20 % de adubo orgânico ou húmus de minhoca, sendo que para cada vasilhame de 7,5 litros acrescentar 1/2 colher de sopa de NPK mais 1 colher de chá de calcário, mas para esses 2 últimos produtos, seguir a recomendações do fabricante.


6.    Cobertura morta e adubação complementar:
Por se tratar de uma cultura de ciclo curto e com desenvolvimento precoce dos talos e folhas, não deve exigir a cobertura morta.
Quanto a adubação complementar é interessante a partir das plantas atingirem mais de 10 cm de altura, devido à concorrência pelos nutrientes, então após as colheitas ou quando notar que as plantas não estão se desenvolvendo bem, acrescentar por cobertura 2 cm de terra adubada ou húmus de minhoca, por isso a recomendação de iniciar a cultura com 2/3 a ¾ da altura do vasilhame com terra, propiciando espaço para acrescentar a adubação complementar.


7.    Pragas:
Existe a lagarta que ataca a ponteira dessa verdura e faz um canal no tronco da planta, praticamente inviabiliza o seu desenvolvimento. Ela é detectada em plantas mais desenvolvidas, porque fazem do tronco o seu refúgio. Infelizmente localizamos esse inseto quando a planta já está prejudicada, plantas em torno de 10 cm de altura, com tronco perfurado, como a figura a seguir.

Figura 11 – Planta atacada por lagarta.
No caso dessa lagarta, interessante é cobrir o vaso ou a jardineira com um pedaço de tela de nylon ou colocar uma pitada de Bacillus_thuringiensis, em sua ponteira, lembrando que uma chuva ou uma rega podem remover essa medida de prevenção.

Figura 12 – Folha nova infestada de pulgões.
Os pulgões também atacam a Komatsuna, retardando o desenvolvimento das mudas. Como esses insetos se multiplicam muito rapidamente, pode ocorrer o definhamento da planta. Em clima mais ameno que o nosso, essa praga pode não ser problema.
Esses insetos se instalam principalmente nas folhas mais novas. No início da infestação, elas podem ser eliminadas manualmente, isto é, macerando esses insetos com os dedos. Se a infestação estiver avançada, deve ser deitado o vaso ou a jardineira, e com auxílio de um pincel de cerda de ponta achatada, com dureza média, pincelar os insetos para fora do vasilhame. Se tiver piso artificial na horta, derramar na área onde insetos irão cair, um pouco de água sanitária (água + hipoclorito de sódio).
Por exemplo jardineiras de 5 a 12 litros são fáceis de deitar, para expulsar os sugadores, mas as maiores como de 30 litros, onde se tem um desenvolvimento melhor das plantas, a remoção desses insetos se torna mais difícil.
Se notar que está ocorrendo a presença do pulgão, com muita frequência, nos vasos e jardineiras, e o chão da horta tiver piso artificial (não ser de terra), molhe o entorno dos vasos ou jardineiras, com um filete de água sanitária (hipoclorito de sódio), uma vez por semana, depois das regas. Supõe-se que os vasos e jardineiras não estejam em contado direto com o piso, principalmente para facilitar a drenagem do excesso de água e aeração do vaso.


Figura 13 – Foto macro da figura anterior.


8.    Dicas:
Para o consumo da Komatsuna, semelhante as outras verduras da família Brassicaceae, onde o talo da folha representa boa parte do volume da planta, essa parte não deve ser desperdiçada.
Se tiver como objetivo consumir mudas novas, apresentamos um exemplo da Komatsuna Wakana cultivada em jardineira de 7,5 litros:

Figura 14 – Desenvolvimento sem raleamento.
Após 12 dias do plantio das sementes (distanciadas entre si de 1 cm), em uma jardineira de 7,5 litros, apenas com ½ da altura com terra.
Feita uma cobertura com terra, pois as plantas estavam ficando com troncos alongados, devido à concorrência de luz.

Figura 15 – Ponto de Colheita.
Após 19 dias do plantio das sementes, plantas com 15 cm de altura.

Figura 16 – Detalhe das Plantas.
Depois de 28 dias do plantio das sementes, plantas com 20 cm de altura.

Sem raleamentos (colheitas) anteriores, pode se observar que se trata de uma verdura interessante para o cultivo visando consumo da verdura na fase “baby leaf”.